Araus-comuns, gansos-patolas e tordas mergulheiras. Um total de 23 aves destas espécies regressaram à natureza, depois de recuperarem de contaminação por óleo no Centro de Reabilitação de Animais Marinhos, ligado ao Ecomare (CRAM Ecomare).
A maior parte destas aves recuperadas voltaram ao mar numa sexta-feira, dia 23 de Fevereiro, com apoio da Polícia Marítima e da Estação Salva-vidas de Aveiro, em frente à praia da Barra.
A chegada dos animais ao centro de reabilitação, que fica próximo de Aveiro, começou no passado dia 5 de Janeiro. A última ave deu entrada já no final do mesmo mês, no dia 29. De um total de 33 aves, incluindo 27 araus-comuns, três gansos-patolas e três tordas-mergulheiras, os responsáveis do centro conseguiram recuperar e libertar 23.
“Até ao momento, a taxa de sobrevivência é de 67%, o que revela um enorme sucesso comparado com eventos similares”, indicou em comunicado o Oceanário de Lisboa, que juntamente com a Fundação Oceano Azul financia o CRAM Ecomare.
Marisa Ferreira, do centro de reabilitação, disse à Wilder que “o caso ocorrido em Janeiro foi excepcional em termos de ingressos”. No entanto, ali dão entrada, todos os anos, “aves com as penas impregnadas com produtos contaminantes (que incluem hidrocarbonetos, óleo de peixe ou outros produtos não identificados) que sujam as penas das aves e impedem a impermeabilização.”
A maioria destas aves oleadas foram recolhidas nas praias entre a Apúlia, em Esposende, e Espinho, mas houve também registos de animais oleados ao longo da costa, até Santa Cruz, em Torres Vedras.
Quando deram entrada no centro, tiveram de fazer um exame físico, com a recolha de sangue para análises e a realização de um RX. Aquelas que tinham um peso dentro do normal para a espécie, estavam hidratadas e tinham os parâmetros de sangue analisados normais puderam passar à fase de lavagem, para remover os produtos contaminantes, descreve a técnica do CRAM-Ecomare.
Este é um processo “muito desgastante”, pelo que os animais tiveram de ser primeiro hidratados, com uma solução salina e com glicose. Depois da lavagem, as aves foram muito bem enxaguadas e secaram numa sala com temperatura controlada, passando a seguir para um tanque no exterior para se lavarem e os técnicos avaliarem se tinham ficado impermeáveis.
“Normalmente, nos primeiros dias ficam apenas algumas horas na água com vigilância. Assim que ficam impermeáveis permanecem sempre na água até serem devolvidas à natureza.”
Não é apenas a impermeabilização das penas que pode ficar profundamente afectada pelos hidrocarbonetos. “Alguns animais apresentam problemas de saúde decorrentes da ingestão ou inalação do produto contaminante e têm se ser medicadas de acordo.”
Por fim, assim que possível, os animais são alimentados com alimento típico da espécie.
Os técnicos do CRAM Ecomare registaram ainda outras 65 aves marinhas oleadas que deram à costa já mortas, entre os dias 5 e 30 de Janeiro, desde a Praia da Barranha, Póvoa de Varzim até à Nazaré. “As aves marinhas mortas são tordas-mergulheiras, araus-comuns, papagaios-do-mar e gansos-patolas”, avança o Oceanário.
De acordo com a União Internacional para a Conservação da Natureza, tanto a torda-mergulheira como o arau-comum, tambem conhecido por airo, têm um estatuto de conservação Quase ameaçada. Já o papagaio-do-mar é actualmente considerado Em perigo.
Quanto ao ganso-patola, ou alcatraz, tem um estatuto Pouco Preocupante.
[divider type=”thin”]Agora é a sua vez.
De acordo com Marisa Ferreira, do CRAM Ecomare, se encontrar uma ave selvagem a precisar de auxílio deve contactar imediatamente as autoridades e fazer chegar o animal o mais rápido possível a um centro de recuperação de animais selvagens para que possa ser tratado.
Não deve deixar o animal sozinho nem deve tentar fazer a lavagem em casa.
[divider type=”thin”]Saiba mais.
No Atlas das Aves Marinhas de Portugal pode conhecer mais sobre as aves que os técnicos do CRAM Ecomare recuperaram torda-mergulheira, arau-comum, papagaio-do-mar e ganso-patola.