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Foto: Joana Bourgard

WWF pede ao Governo urgência na resposta aos incêndios

17.10.2017

A WWF manifestou ontem a sua solidariedade para com as famílias das vítimas mortais dos incêndios e pediu ao Governo uma acção urgente. Defende que o caminho passa por um combate eficaz às alterações climáticas.

 

Em comunicado, a organização apelou “ao Governo e às autoridades competentes que ponham em marcha a estratégia de combate às alterações climáticas para que estes acontecimentos cada vez mais frequentes sejam evitados e os seus impactos mitigados”.

“O Governo e as autoridades competentes não se podem esquecer que as alterações climáticas trarão altas temperaturas e ondas de calor mais frequentes e intensas que favorecerão episódios de incêndios catastróficos e impossíveis de controlar apenas ​com os meios de extinção e combate”, alertou Rui Barreira, especialista em florestas da WWF Portugal.

Este ano já arderam mais de 300 mil hectares de floresta em Portugal. O braço português desta organização mundial de conservação de natureza disse estar solidário “com as famílias das vítimas, com os bombeiros que estão no terreno a combater os incêndios florestais e com as empresas e as pessoas que perderam os seus bens” no “evento extremo que assolou Portugal este fim-de-semana”.

Além da implementação da estratégia nacional para as alterações climáticas, a WWF apela ao Governo que “rapidamente implemente a reforma florestal” “e que utilize as recomendações do relatório da comissão técnica independente ao incêndio de Pedrogão Grande para evitar que estes eventos se repitam”.

Outra das medidas que a WWF entende como cruciais é a utilização dos fundos disponibilizados pelo Fundo Ambiental “para preparar o país para estar mais adaptado às alterações climáticas e para ordenar melhor as florestas e o território rural”.

“Os problemas são conhecidos e as soluções já foram amplamente discutidas”, lembrou Rui Barreira. “Mas enquanto o poder político e as instituições deste país não puserem em práticas as medidas identificadas nos relatórios e na reforma florestal já aprovada, estes eventos vão continuar a repetir-se e o país vai continuar a lamentar-se ao mesmo tempo que perde a sua riqueza natural e as pessoas perdem as suas vidas e os seus meios de subsistência, em especial aqueles que cada vez estão mais abandonados no meio rural.”

Segundo a WWF, as florestas do Mediterrâneo são muito ricas em biodiversidade, albergando cerca de 25.000 espécies de plantas e disponibilizando habitat para espécies Em Perigo de extinção, como a águia-imperial.

São ameaças às florestas e populações “as alterações climáticas, a negligência humana e a falta de uma adequada gestão florestal que atue ao nível da prevenção dos incêndios”. A tudo isto se junta a “natureza inflamável da floresta Mediterrânica, onde Portugal se insere”.

E agora, depois dos incêndios florestais e quando começam as chuvas, é preciso ter em atenção o risco de “cheias um pouco por todo o país”. Mais uma vez, acrescenta a organização, a estratégia nacional de adaptação às alterações climáticas permitiria “mitigar o efeito destes eventos extremos”.

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.

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