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águia-imperial-ibérica em voo
Águia-imperial-ibérica. Foto: Juan Lacruz/Wiki Commons

Sete números do novo relatório sobre as aves da Europa

22.05.2017

Actualmente, 43% das aves selvagens da Europa estão numa situação preocupante, alerta o novo relatório da Birdlife International “European Birds of Conservation Concern”, divulgado a 20 de Maio nas vésperas do Dia Mundial da Biodiversidade, a 22 de Maio. Aqui ficam sete números que importa conhecer.

 

Na Europa ocorrem com regularidade 540 espécies de aves. Saber quais as Espécies Europeias que Preocupam pela sua Conservação (SPEC, sigla em inglês) é crucial para os Governos identificarem as que precisam de mais atenção e protecção, explica a Birdlife International em comunicado.

A primeira avaliação, feita em 1994, revelou que 38% das espécies eram espécies SPEC. Hoje a situação piorou, com essa percentagem a subir para os 43%. Também a Lista Vermelha das Aves da Europa indica que 70 espécies têm estatuto de conservação Preocupante, comparadas com as 40 de 2004.

O relatório divulgado no sábado na cidade italiana de Parma é um “apelo para que os Estados membros tomem consciência das suas responsabilidades em relação a espécies e que as levem em consideração na altura de decidir como distribuir os recursos para a conservação da natureza”, explicou Anna Staneva, da Birdlife International.

Este novo relatório salienta que Portugal é muito importante para as espécies em situação desfavorável na Europa. Isto por causa das muitas espécies endémicas que ocorrem nas ilhas dos Açores e Madeira, como o priolo (Pyrrhula murina), o painho-de-Monteiro (Hydrobates monteiroi), a freira-do-bugio (Pterodroma deserta) e a freira-da-madeira (Pterodroma madeira). Também o Continente é importante, tendo metade da população reprodutora de peneireiro-cinzento (Elanus caeruleus) na Europa e mais de 20% das populações reprodutoras de toutinegra-do-mato (Sylvia undata) e de sisão (Tetrax tetrax).

O caso do priolo, apresentado pela Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves (Spea) em Parma, foi um dos dois exemplos de sucesso na recuperação de espécies na Europa apresentados no evento, ao lado do projecto sobre o quebra-ossos no Norte de Itália, revelou a organização portuguesa, representante da Birdlife no nosso país.

Aqui ficam sete números deste relatório que importa saber:

 

43%: percentagem das aves europeias com estatuto de preocupação, em 2017

 

38%: percentagem das aves europeias com estatuto de preocupação, em 1994 (o ano da primeira avaliação)

 

213: o número das espécies de aves europeias que se reproduzem em Portugal. Destas, 90 são SPEC.

 

45: o número das aves aquáticas que passam o Inverno em Portugal. Destas, 16 são SPEC.

 

6: o número das espécies que, na Europa, apenas ocorrem em Portugal:

Painho-de-ventre-branco (Pelagodroma marina) – 77.770 a 110.565 casais

Pombo-trocaz (Columba trocaz) – 10.000 a 14.000 indivíduos

Priolo (Pyrrhula murina) – 227 a 761 casais

Freira-da-madeira (Pterodoma madeira) – 65 a 80 casais

Freira-do-bugio (Pterodoma deserta) – 160 a 180 casais

Painho-de-monteiro (Hydrobates monteiroi) – 250 a 300 casais

 

18: o número das espécies cujas populações têm vindo a aumentar desde 2000. As que mais aumentaram foram:

Águia-imperial (Aquila adalberti) – hoje existem entre 11 e 18 casais, o que representa um aumento de 1.000 a 1.700%

Galeirão (Fulica atra) – hoje com 15.461 indivíduos, o que representa um aumento entre 220 e 260%

Toutinegra-do-mato (Sylvia undata) – hoje com entre 100.000 e 500.000 casais, o que representa um aumento de 100 a 300%

Abutre-preto (Aegypius monachus) – hoje com 5 a 8 casais, o que representa um aumento entre os 50 e os 100%

Freira-da-madeira (Pterodoma madeira) – hoje com 65 a 80 casais, o que representa um aumento de 100 a 117%

 

16: o número das espécies cujas populações têm vindo a diminuir desde 2000. As que mais diminuiram foram:

Airo (Uria aalge) – hoje com 1 indivíduo, o que representa uma diminuição de 96%

Garça-nocturna (Nycticorax nycticorax) – hoje com entre 160 e 200 casais, o que representa uma diminuição entre 30 a 70%

Calhandra-real (Melanocorypha calandra) – hoje com entre 5.000 e 10.000 casais, o que representa uma diminuição entre 52 e 90%

Calhandrinha-das-marismas (Alaudala rufescens) – hoje com entre 25 a 50 casais, o que representa uma diminuição entre 30 e 60%

Milhafre-real (Milvus milvus) – hoje com entre 50 a 100 casais, o que representa uma diminuição entre 33 e 66%

 

[divider type=”thick”]Saiba mais.

Pode aceder aqui ao relatório completo. Este documento sobre as 541 espécies de aves selvagens que ocorrem em 50 países e territórios da Europa foi feito a partir da Lista Vermelha da União Internacional para a Conservação da Natureza (UICN), actualizada em 2016.

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.

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