Um quarto das aves do Reino Unido – como o papagaio-do-mar, o rouxinol e o maçarico-real – precisam urgentemente de esforços de conservação, revela o novo relatório sobre o estado das aves daquele país, referente a 2016.
O Reino Unido tem hoje 67 espécies, de um total de 247 analisadas, na lista vermelha, a categoria para as aves em perigo de extinção ou que sofreram um declínio populacional significativo nos últimos anos. Desde o último relatório, de 2009, entraram nesta lista 15 espécies.
Destas 67 espécies, há oito que têm um risco de extinção a nível global: pardela-do-mediterrâneo (Puffinus mauretanicus), felosa-aquática (Acrocephalus paludicola), zarro-comum (Aythya ferina), pato-de-cauda-afilada (Clangula hyemalis), pato-fusco (Melanitta fusca), mergulhão-de-pescoço-castanho (Podiceps auritus), papagaio-do-mar (Fratercula arctica) e rola-brava (Streptopelia turtur).
“Publicamos estes relatórios desde 1999. Penso que este é um dos piores que já temos visto”, comentou ao jornal The Guardian David Noble, um dos autores do estudo e ecologista no British Trust for Ornithology (BTO).
A BTO é uma das organizações que produz este relatório – que reúne todos os resultados mais recentes de censos e monitorizações -, ao lado da Royal Society for the Protection of Birds (RSPB), do Wildfowl & Wetlands Trust (WWT) e de organismos governamentais na área da natureza.
De momento, o maçarico-real (Numenius arquata) é uma das espécies que mais preocupa os conservacionistas britânicos. O Reino Unido alberga 27% da população mundial da espécie mas, entre 1970 e 2014, as suas populações naquele país diminuíram 64%, muito por causa da perda de habitat. Para travar esta situação foi implementado um plano de acção para a espécie.
“Os maçaricos-reais são imediatamente reconhecidos nos estuários no Inverno ou nas charnecas no Verão, com os seus bicos longos e curvados, as patas esguias e os seus chamamentos. São uma das nossas aves mais carismáticas e também uma das mais importantes”, comentou, em comunicado, Daniel Hayhow, da RSPB. O plano de acção quer “compreender as principais causas do declínio dos maçaricos (…) e tomar medidas para o reverter”.
Mas o relatório tem boas notícias para algumas espécies, como as águias-reais (Aquila chrysaetos) e a escrevedeira-de-garganta-preta (Emberiza cirlus). Um censo de 2015 contabilizou 508 casais de águia-real com território, um aumento de 15% em relação aos 442 casais registados pelo censo anterior, de 2003.
Por seu lado, a escrevedeira-de-garganta-preta tem hoje uma população estimada em mais de mil casais, quando em 1989 tinha pouco mais de 100.
Segundo a RSPB, monitorizar as alterações populacionais das aves é importante por três razões: para acompanharmos as alterações em espécies individuais, para dar um sistema de alerta antecipado de grandes alterações em grupos de espécies – que pode dar pistas sobre a saúde de determinados habitats ou ecossistemas – e para avaliar a eficácia de políticas e medidas ambientais.
“As ameaças à vida selvagem são muitas e variadas. Temos recursos limitados, o que significa que não podemos ajudar cada espécie, sempre, em todo o lado. As listas vermelhas, que identificam as espécies que precisam de mais ajuda, dizem-nos como usar os recursos que temos”, salienta o relatório.