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Novo relatório alerta que um quarto das aves do Reino Unido precisam de ajuda

12.04.2017

Um quarto das aves do Reino Unido – como o papagaio-do-mar, o rouxinol e o maçarico-real – precisam urgentemente de esforços de conservação, revela o novo relatório sobre o estado das aves daquele país, referente a 2016.

 

O Reino Unido tem hoje 67 espécies, de um total de 247 analisadas, na lista vermelha, a categoria para as aves em perigo de extinção ou que sofreram um declínio populacional significativo nos últimos anos. Desde o último relatório, de 2009, entraram nesta lista 15 espécies.

Destas 67 espécies, há oito que têm um risco de extinção a nível global: pardela-do-mediterrâneo (Puffinus mauretanicus), felosa-aquática (Acrocephalus paludicola), zarro-comum (Aythya ferina), pato-de-cauda-afilada (Clangula hyemalis), pato-fusco (Melanitta fusca), mergulhão-de-pescoço-castanho (Podiceps auritus), papagaio-do-mar (Fratercula arctica) e rola-brava (Streptopelia turtur).

 

Papagaio-do-mar na ilha Fair, Escócia. Foto: Chiara Ceci/RSPB

 

“Publicamos estes relatórios desde 1999. Penso que este é um dos piores que já temos visto”, comentou ao jornal The Guardian David Noble, um dos autores do estudo e ecologista no British Trust for Ornithology (BTO).

A BTO é uma das organizações que produz este relatório – que reúne todos os resultados mais recentes de censos e monitorizações -, ao lado da Royal Society for the Protection of Birds (RSPB), do Wildfowl & Wetlands Trust (WWT) e de organismos governamentais na área da natureza.

De momento, o maçarico-real (Numenius arquata) é uma das espécies que mais preocupa os conservacionistas britânicos. O Reino Unido alberga 27% da população mundial da espécie mas, entre 1970 e 2014, as suas populações naquele país diminuíram 64%, muito por causa da perda de habitat. Para travar esta situação foi implementado um plano de acção para a espécie.

 

Maçarico-real na Reserva da RSPB em Geltsdale, Cumbria, Inglaterra. Foto: Andy Hay/RSPB

 

“Os maçaricos-reais são imediatamente reconhecidos nos estuários no Inverno ou nas charnecas no Verão, com os seus bicos longos e curvados, as patas esguias e os seus chamamentos. São uma das nossas aves mais carismáticas e também uma das mais importantes”, comentou, em comunicado, Daniel Hayhow, da RSPB. O plano de acção quer “compreender as principais causas do declínio dos maçaricos (…) e tomar medidas para o reverter”.

Mas o relatório tem boas notícias para algumas espécies, como as águias-reais (Aquila chrysaetos) e a escrevedeira-de-garganta-preta (Emberiza cirlus). Um censo de 2015 contabilizou 508 casais de águia-real com território, um aumento de 15% em relação aos 442 casais registados pelo censo anterior, de 2003.

 

Águia-real no ninho. Foto: Chris Gomersall/RSPB

 

Por seu lado, a escrevedeira-de-garganta-preta tem hoje uma população estimada em mais de mil casais, quando em 1989 tinha pouco mais de 100.

Segundo a RSPB, monitorizar as alterações populacionais das aves é importante por três razões: para acompanharmos as alterações em espécies individuais, para dar um sistema de alerta antecipado de grandes alterações em grupos de espécies – que pode dar pistas sobre a saúde de determinados habitats ou ecossistemas – e para avaliar a eficácia de políticas e medidas ambientais.

 

Rouxinol em Minsmere, Suffolk, Inglaterra. Foto: John Bridges/RSPB

 

“As ameaças à vida selvagem são muitas e variadas. Temos recursos limitados, o que significa que não podemos ajudar cada espécie, sempre, em todo o lado. As listas vermelhas, que identificam as espécies que precisam de mais ajuda, dizem-nos como usar os recursos que temos”, salienta o relatório.

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.

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