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Comportamento de moscas deixa Daniel curioso. Saiba o que estão a fazer

28.07.2025

O leitor Daniel Pais ficou curioso quanto ao comportamento que observou nestas moscas na zona da Marinha Grande. Com a ajuda de Rui Andrade ficámos a saber o que se passa.

“Estava a passear na zona da Marinha Grande e reparei numa parede cheia de moscas. Espreitei com mais detalhe e espero que as fotos consigam mostrar o que enumero abaixo:

 – as moscas estavam mesmo naquela zona, não demonstrando interesse em sair;

– havia muitas moscas mais pequenas, com asas atrofiadas ou até aparentemente sem asas;

– havia também muitas moscas na planta , a viverem no caule e entre as folhas, o que achei muito interessante também. 

– as moscas da planta pareciam maioritariamente “varejeiras”. Coloquei entre aspas porque podem não ser mesmo varejeiras, mas já tinham uma certa coloração azul ou verde.

O que me conseguem dizer sobre este comportamento? Muito obrigado pelo vosso trabalho, já identifiquei várias espécies com base nos vossos artigos”, escreveu o leitor à Wilder. 

Rui Andrade, dinamizador do grupo Diptera em Portugal no Facebook, explicou à Wilder o que Daniel testemunhou.

“Aquilo que se vê nas fotos e o que descreve o leitor são moscas tenerais, ou seja, adultos recém-emergidos do seu pupário”, explicou. 

“Parecem, de facto, varejeiras, mais concretamente do género Lucilia (varejeiras-verdes). As larvas de Lucilia são predominantemente saprófagas, desenvolvendo-se em matéria animal em decomposição. Quando terminam de se alimentar, as larvas afastam-se da fonte de alimento e geralmente enterram-se no solo onde se transformam em pupa. Quando o adulto emerge do pupário o seu exosqueleto está mole, a sua cor é pálida, e as asas estão dobradas, sendo incapaz de voar. Nos minutos e horas seguintes a mosca está geralmente mais inactiva à medida que adquire a cor definitiva e as asas se expandem e endurecem.”

“As moscas das fotos devem ter-se desenvolvido, enquanto larvas, no mesmo animal morto e estão agora a iniciar a fase adulta. Enquanto adquirem o seu aspecto definitivo repousam na vegetação e na parede.”

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.

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