A União Internacional para a Conservação da Natureza (UICN) está a preparar um novo método para medir com eficácia o sucesso de programas de conservação de espécies, anunciou a organização.
“A UICN reconhece a necessidade de se estabelecerem objectivos ambiciosos para a conservação da biodiversidade e para se provar que [o trabalho de] conservação funciona”, sublinhou o responsável máximo pela Unidade da Lista Vermelha, Craig Hilton-Taylor, esta segunda-feira.
Craig Hilton-Taylor, que é também co-autor de um artigo sobre a nova metodologia, publicado na revista científica Conservation Biology, indicou ainda que “o novo enquadramento destaca uma mudança ambiciosa no pensamento da conservação para a necessidade de assegurarmos a recuperação de espécies, em vez de evitarmos apenas a sua extinção”.
Um dos novos estatutos deverá ser o de espécie “totalmente recuperada”, definida como uma espécie viável e que cumpre os seus papéis ecológicos nos ecossistemas da sua área natural de distribuição.
O novo método não vai substituir a Lista Vermelha de espécies, mas sim complementá-la, demonstrando o sucesso real de projectos de conservação, adianta a UICN.
Em causa vão estar quatro critérios principais, para cada espécie: os impactos da conservação no passado; o que aconteceria se as medidas de conservação actuais cessassem; ganhos esperados da acção de conservação; quão próxima de uma espécie ‘totalmente recuperada’ pode ficar uma espécie com acções de conservação efectivas.
Um exemplo avançado pela UICN: o saiga, um antílope considerado Criticamente em Perigo de extinção, mantém esse estatuto desde 2002. Todavia, no novo enquadramento, pode-se provar que “os esforços já realizados de conservação têm ajudado a espécie a recuperar e que o saiga depende de futuras acções de conservação para a sua sobrevivência”.
O arranque deste novo modelo de avaliação de espécies está previsto para 2020, dentro de dois anos.
Lista Verde avança em mais países
Terminada a fase piloto da Lista Verde da UICN, que quer assinalar por todo o mundo zonas onde a protecção da biodiversidade está a ter sucesso, a organização vai agora avançar em força com o projecto, anunciou o The Guardian.
A Lista Verde pretende destacar áreas protegidas e de conservação que tenham sucesso no cumprimento dos seus objectivos, como exemplo para outros projectos semelhantes, como foi o caso de Doñana, em Espanha.
Nos últimos anos, foram reconhecidas 22 áreas no total, incluindo a Serra Nevada, também em Espanha, e os Pirinéus, em França.
Em causa está dar resposta a um dilema enfrentado pelos conservacionistas: a área de áreas protegidas a nível terrestre e marinho tem vindo a crescer, mas pouco se sabe sobre o sucesso efectivo desses projectos para a protecção da biodoversidade local.
Os critérios que estão em cima da mesa para a entrada de novos sítios na Lista Verde pretendem ajudar a perceber até que ponto as medidas de protecção anunciadas estão a ser seguidas, em locais formalmente protegidos, explicou ao The Guardian o responsável máximo da Lista Verde, Marc Hockings, da Universidade de Queensland, Austrália.
O projecto está em fase de levantamento das áreas protegidas que vão ser reconhecidas. Em causa estão quatro critérios principais: boa governação, ‘design’, gestão efectiva e resultados na área da conservação.
Em cada país prevê-se que uma equipa de especialistas analise as áreas protegidas que pretendem entrar na lista.
[divider type=”thin”]Saiba mais.
Leia aqui o comunicado da União Internacional para a Conservação da Natureza, sobre o novo método de avaliação da conservação de espécies.