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Quebra-ossos. Foto: Richard Bartz/Wiki Commons

Reintroduzidas 18 crias de quebra-ossos na Europa

11.08.2017

Este ano foram reintroduzidas na natureza 18 crias de quebra-ossos (Gypaetus barbatus), o abutre mais ameaçado da Europa, em quatro projectos de conservação da espécie: seis na Andaluzia, duas na Córsega, quatro em Grands Causses/Massif Central e seis nos Alpes/Pré-Alpes.

 

Todas as aves estão bem menos duas que morreram, segundo um comunicado divulgado nesta terça-feira pela Fundação para a Conservação dos Abutres (Vulture Conservation Foundation, VCF).

Senza, uma fêmea libertada na Suíça, morreu um dia depois, a 23 de Junho, após uma noite de grande tempestade. “Quase de certeza caiu de um penhasco por causa dos ventos fortes e, devido à sua inexperiência, não terá conseguido controlar as fortes correntes, tendo morrido de traumatismo grave”, acrescenta a VCF.

Além de Senza, também Freddie não sobreviveu. Esta fêmea foi libertada em Vercors e foi encontrada morta a 24 de Julho. A causa da morte ainda está por apurar, estando a necropsia prevista para este mês.

Os conservacionistas conseguiram encontrar estas duas aves graças aos equipamentos de localização que levavam, “essenciais para monitorizar onde se encontram e como sobrevivem”.

“Libertar quebra-ossos na natureza é uma operação complexa”, lembrou aquela fundação. “Normalmente, as aves são colocadas em pares numa plataforma durante várias semanas antes de conseguirem voar e são alimentadas à noite ou através de uns tubos de cima dos penhascos para evitar o contacto com humanos.”

 

 

Depois de começarem a voar, a quantidade de alimento que lhes é disponibilizada vai sendo reduzida a pouco e pouco, para as encorajar a encontrar comida sozinhas.

Durante os cerca de três meses que durou toda esta operação, nas montanhas da Europa, várias equipas de técnicos e voluntários vigiaram estes quebra-ossos 24 horas por dia, normalmente a partir de uma cabina ou abrigo a mais de um quilómetro de distância.

O quebra-ossos é o abutre mais ameaçado da Europa. Há 200 anos, estes abutres viviam em todas as zonas montanhosas do Sul da Europa, desde a Península Ibérica até aos Balcãs. Hoje estima-se que a população total europeia (incluindo a Turquia e a Rússia) seja entre 600 e 1.000 casais, segundo números da VCF. Haverá cerca de 100 nos Pirinéus, oito na Córsega, 10 em Creta e 20 nos Alpes. As causas do seu progressivo desaparecimento passam por menor disponibilidade de alimento e perseguição humana.

Em Portugal, a espécie está dada como extinta. Não se conhecem registos da sua ocorrência desde o final do século XIX, segundo o livro “Aves de Portugal” (2010). O registo mais preciso é de 1888 quando duas aves foram abatidas no rio Guadiana. Os exemplares estão hoje no Museu de Zoologia da Universidade de Coimbra.

 

[divider type=”thick”]Saiba mais sobre o quebra-ossos:

Tamanho: 100-115 centímetros

Peso: 4,5-7,1 kg

Envergadura da asa: 250-285 cm

Esperança média de vida: até 40 anos em cativeiro

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.

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