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Lince-ibérico. Foto: Programa de Conservação Ex-Situ do Lince-Ibérico

Lince-ibérico morre atropelado no concelho da Maia

19.10.2016

As viagens de Kentaro, um lince-ibérico com três anos de idade, acabaram a 15 de Outubro numa estrada do concelho da Maia. A morte foi anunciada esta manhã pelo Instituto de Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF), quase um ano depois da morte de Hongo nas estradas de Santarém.

 

Kentaro tinha coleira GPS mas desde Março ninguém sabia onde estava. A última emissão da coleira indicava que se encontrava em Ourense, a 367 quilómetros em linha reta do local de solta, em Novembro de 2014, nos Montes de Toledo. Terá percorrido 2.410 quilómetros desde então.

 

Solta de Kentaro, em 2014. Foto: ICNF
Solta de Kentaro, em 2014. Foto: ICNF

O “atropelamento é uma das principais causas de morte de linces ibéricos reintroduzidos”, salienta o ICNF, em comunicado.

Kentaro nasceu no Centro Nacional de Reprodução do Lince-ibérico (CNRLI), em Silves, e foi libertado a 26 de Novembro de 2014 nos Montes Toledo (em Castela-La Mancha), no âmbito do programa ibérico Iberlince para recuperar a distribuição histórica do lince (Lynx pardinus).

Este foi um dos linces-ibéricos do programa que mais viajou. Em Janeiro, passados menos de dois meses de ter sido reintroduzido nos Montes Toledo, Kentaro decidiu dispersar até ao rio Tejo, na Barragem de Castrejon. Desse local, deslocou-se até às proximidades da cidade de Toledo e mais tarde, utilizando o corredor do rio Tejo, entrou nas províncias de Madrid, Cuenca e Guadalajara até às barragens das cabeceiras da bacia deste rio. Aqui cruzou o rio em direção a Norte. Mais tarde, explorou as províncias do sul de Soria e Zaragoza, voltando novamente para Soria, conseguindo chegar à região de La Rioja. Daí, deslocou-se para oeste, pela região de Zamora, tendo entrado em Portugal, a norte de Vimioso em Agosto de 2015.

Depois regressou a Espanha, onde foi alvo de uma tentativa de captura, em Dezembro de 2015. Segundo o ICNF, Kentaro “terá feito, pelo menos, mais de uma centena de quilómetros em território nacional até ao local do atropelamento”.

O lince-ibérico Hongo teve o mesmo destino de Kentaro. Aquele lince era um macho de quatro anos, nascido em Espanha, que estava em Portugal desde 2013. Foi encontrado morto a 22 de Outubro de 2015, por atropelamento, na A23 perto de Vila Nova da Barquinha, distrito de Santarém.

Hongo foi um dos 15 linces-ibéricos que morreram atropelados em 2015 na Península Ibérica.

[divider type=”thick”]Saiba mais.

Saiba o que está a ser feito para melhorar as estradas da área de reintrodução de linces, no Alentejo.

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.

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