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grou espreita num prado
Grou (Grus grus) foto: tauri pärna wiki commons

Este Inverno Portugal recebeu 11.000 grous

13.03.2017

Este Inverno, os campos do Alentejo foram local de alimentação e de dormida para 11.000 grous (Grus grus) vindos do Norte da Europa, segundo os resultados ao censo nacional destas aves, conhecidos hoje.

 

Por estes dias já poucos ou nenhuns grous estarão em Portugal. Estas graciosas aves vieram para os campos do Alentejo passar o Inverno, numa temporada de Outubro ao início de Março. Agora estão de regresso aos países do Norte da Europa para nidificar.

As contagens aos grous invernantes em Portugal começaram em 1985/1986 e, salvo duas épocas, têm-se realizado todos os anos. Carlos Miguel Cruz é o coordenador nacional das contagens de grous invernantes, pela Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves (Spea) e desde o início participa neste esforço para conhecer melhor estes animais.

Este ano foram contadas 6.000 aves em Dezembro e 11.000 em Janeiro, segundo os resultados do mais recente censo nacional desta espécie. Ao todo, na Península Ibérica foram contadas 245.000 aves em Dezembro e 266.000 em Janeiro.

“Este ano aconteceu uma coisa diferente em relação aos anos anteriores”, avança à Wilder Carlos Miguel Cruz. “Deixámos de contar grous cada um para seu lado e procurámos com os nossos colegas espanhóis datas iguais para as contagens nos dois países.”

Em Portugal, mais de 200 pessoas participaram neste censo, coordenado pela Spea e com a participação da Liga para a Protecção da Natureza (LPN), Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF), Centro Escolar e Infantil de Moura e GEDA – Grupo de Ecologia e Desportos de Aventura.

Foram feitas contagens nas cinco áreas tradicionais de invernia portuguesas (Arronches/Campo Maior, Évora, Mourão, Moura e Campo Branco), num fim-de-semana de Dezembro e noutro em Janeiro. “As equipas juntavam-se ao início da tarde e estudavam as áreas de alimentação dos grous. Depois, mais para o final do dia, seguiam para pontos estratégicos de passagem das aves dessas áreas para os locais de dormida”, explicou Carlos Miguel Cruz.

Em Portugal, o Alentejo é a única região escolhida como destino de Inverno para estas aves elegantes com mais de um metro de altura, plumagem cinzento-azulada e uma mancha vermelha na cabeça. Esta espécie que vive no Norte da Europa escolhe sempre os mesmos locais para passar os meses mais frios. São os montados de azinho pouco densos, zonas alagadas, pouco declivosas e ribeiras de regime torrencial. Aqui, o alimento é mais abundante e podem preparar-se melhor para a reprodução, alguns meses mais tarde, quando regressarem a casa.

E qual a importância de contar estas aves? “Estes censos são cruciais para conhecermos quais as áreas importantes para os grous. É que essas áreas acabam por ser importantes também para muitas outras espécies”, explicou Carlos Miguel Cruz. Actualmente, quase todas as áreas alentejanas onde os grous passam o Inverno têm algum estatuto de protecção, nomeadamente ZPE (Zonas de Protecção Especial para Aves).

 

[divider type=”thick”]Saiba mais.

Conheça aqui os resultados do censo do ano passado.

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.

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