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O melhor da Primavera: as flores brancas do pilriteiro

02.05.2017

Os fenómenos essenciais da vida selvagem para apreciar este mês. Deslumbre-se com o despertar dos pilriteiros na Primavera, arbustos que se cobrem de flores brancas. Mariana Marques dos Santos e Marta Pinto explicam ainda o que as árvores estão a fazer nesta altura do ano.

 

Tal como tantas outras árvores e arbustos, o pilriteiro (Crataegus monogyna) esperou por este momento para despertar da aparente letargia do Inverno. Durante meses ficou dormente para melhor suportar o clima frio.

É nesta altura do ano que este arbusto ou pequena árvore, que pode viver até aos 500 anos, se enche de flores brancas ou em tons de rosa.

 

Flor do pilriteiro. Foto: Marta Pinto

 

No final do Verão, estas flores são fecundadas e dão lugar a pequenos frutos vermelhos.

O pilriteiro é uma espécie espontânea da Europa e tem folha caduca. Pode chegar aos 10 metros de altura mas o mais comum é encontrar arbustos até aos quatro metros.

 

Pilriteiro no Outono. Foto: Wilder

 

Com a chegada da Primavera, o pilriteiro e muitas outras árvores e arbustos cobrem-se de folhas e flores com um propósito claro: passar os seus genes às próximas gerações. Mas como é que as árvores sabem qual o momento certo? Se acordarem demasiado cedo, as folhas e flores podem ser queimadas pelas geadas; se acordarem demasiado tarde poderão não ter tempo para produzir frutos.

Mariana Marques dos Santos e Marta Pinto, do FUTURO – projecto das 100.000 árvores na Área Metropolitana do Porto explicam que as árvores sentem, especialmente, a duração dos dias e a temperatura. “A árvore sente quando há um determinado número de dias de temperatura amena após um intenso período de frio”, explicam. Mas para “evitar falsas partidas”, têm em conta também o número de horas de luz diária. “São as pequenas folhas ainda encerradas nos gomos que ‘medem’ se a quantidade de luz diária já é suficiente para produzir alimento.”

Nesta estação do ano, as árvores trabalham para assegurar uma nova geração, usando várias estratégias para garantir a polinização. Por exemplo, “num bosque, as faias e carvalhos comunicam e sincronizam a sua floração para assim aumentar a probabilidade de as flores serem fertilizadas por pólenes das árvores vizinhas”, o que aumenta a diversidade genética.

“As espécies que dependem do vento para dispersar o seu pólen produzem flores antes de rebentarem as folhas, de forma que o pólen seja mais facilmente disseminado”, como é o caso dos carvalhos-alvarinhos.

Diz Hope Jahren, especialista em geobotânica, que as “árvores estão sempre a fazer alguma coisa”. E na Primavera, as tarefas são muitas.

 

Bons locais para observar pilriteiros: Mariana e Marta sugerem o Parque da Cidade do Porto e a belíssima mancha de pilriteiros de porte arbóreo no Campo do Gerês, no Parque Nacional da Peneda-Gerês.

 

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Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.

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