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Veado. Foto: João Esteves

A primavera no Parque Natural do Tejo Internacional

16.04.2025

A revista Wilder lança o desafio: vamos fazer um retrato da Primavera nas várias regiões do nosso país, com as fotografias da comunidade Wilder, espalhada por Portugal. Hoje, o registo de João Esteves no Parque Natural do Tejo Internacional.

A chegada da primavera ao Parque Natural do Tejo Internacional marca o pico anual da atividade biológica nesta área protegida. Com as temperaturas a subir depois de algumas semanas chuvosas, estão instaladas as condições para a entrada de uma fase de floração e renovação da vida que aqui habita. 

Pela manhã, grifos, águias-reais e britangos já dominam os céus e com atenção já é possível ouvir os rouxinóis, abelharucos, toutinegras-de-bigodes e a tímida toutinegra-real – recém chegadas do continente africano para nidificar.

Grifo (Gyps fulvus). Foto: João Esteves
Britango (Neophron percnopterus). Foto: João Esteves

As residentes já vão mais avançadas: grifos, abutres-pretos (que aqui integram a maior colónia nacional) e cegonhas-pretas já se encontram na fase de incubação ou a finalizar o ninho, como é o caso do mergulhão-de-crista.

Mergulhão-de-crista (Podiceps cristatus). Foto: João Esteves

Também no grupo dos mamíferos a atividade é particularmente intensa.

Raposa (Vulpes vulpes). Foto: João Esteves

Sacarrabos, raposas e vários grupos de veados, com as fêmeas agora no período de gestação, vagueiam por entre azinheiras dispersas pelos campos pintados de branco pelas flores frescas das estevas, das quais se alimentam.

Veado (Corvus elaphus). Foto: João Esteves

A primavera é também altura para um grupo florístico muito interessante e diverso – as orquídeas. Não estamos numa região particularmente conhecida pela diversidade de orquídeas, no entanto várias espécies de orquídeas silvestres como a Anacamptis morio e a Ophrys tenthredinifera florescem por entre os estevais e rosmaninhais, funcionando como impulsionadores da atividade de insetos polinizadores.

Orquídea-mosca (Ophrys tenthredinifera). Foto: João Esteves
Borboleta-cauda-de-andorinha (Papilio machaon). Foto: João Esteves

O tojo-do-sul (Genista hirsuta), uma planta xerófila que encontra no Parque Natural do Tejo Internacional o limite norte da sua distribuição nacional e que também está em flor, dá à paisagem, a par com as giestas, uma coloração dourada que atesta a graciosidade desta região inóspita.

Tojo-do-sul (Genista hirsuta). Foto: João Esteves

Toda esta exuberância primaveril é, no entanto, efémera. Dentro de poucos meses, toda esta vida e cor dará lugar a paisagens secas e monocromáticas, onde as temperaturas ultrapassarão provavelmente os 40ºC. O contraste entre o vigor da primavera e a austeridade do verão característico dos ecossistemas mediterrânicos, evidencia a resiliência das espécies que aqui habitam, comprovando que este é mais um habitat único que merece ser preservado.


Agora é a sua vez

Para participar basta sair de casa (ou até abrir a janela ou a porta da varanda ou do quintal) e procurar por sinais da primavera na natureza que o rodeia. 

Pode captar em fotografia, vídeo ou desenho as primeiras folhas verdes e botões nas árvores, os vestígios de mamíferos que cuidam das suas crias, o coro dos anfíbios, as aves migradoras que estão a chegar ou os insectos que agora estão mais activos.

Pode registar a paisagem da sua terra ou o pormenor de um pequeno besouro pousado nas pétalas de uma flor.

Depois, é só enviar os seus registos para o nosso email: [email protected]. Iremos publicá-los no site e na newsletter da Wilder.


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