O ilustrador naturalista Marco Nunes Correia abre os seus cadernos de campo e mostra-nos o que o fascina na natureza portuguesa. São desenhos, esboços ou aguarelas onde regista as estações do ano. Uma por semana.
Num dia de Março de 2016, dois patos-trombeteiros descansavam tranquilamente entre os caniçais do Paul de Tornada, perto das Caldas da Rainha. Marco Nunes Correia descobriu-os e pegou logo nas suas aguarelas.
“Já estávamos em Março e sabia que estes patos, dois machos, não iriam estar por ali muito tempo”, explicou à Wilder o ilustrador. “Possivelmente estariam só a descansar, antes de seguirem para Norte.”
Marco Nunes Correia conseguia ver os animais por entre os ramos de salgueiro, na margem. Mas para os pintar teve a ajuda do seu telescópio. “Na realidade havia muitos caniços secos que dificultavam a sua visualização.”
A partir do mesmo local, este naturalista viu outra coisa que lhe chamou a atenção: um salgueiro. “O que me levou a desenhar o salgueiro foi a quantidade de aves que aí se encontravam. A certa altura apercebi-me que se alimentavam de partes das flores femininas mais tenras. Comecei, então, por desenhar os detalhes das flores masculinas e femininas. E depois decidi fazer um pequeno ramo para contextualizar aqueles elementos.”
Os desenhos, nos quais o ilustrador trabalhou durante hora e meia, foram feitos num caderno A4 de papel de aguarela, de fraca qualidade. “Cadernos baratos ajudam-nos a ter uma atitude mais despreocupada relativamente à expetativa de grandes resultados, o que possibilita abordagens tecnicamente mais soltas.”
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Marco Nunes Correia, de Alcobaça, é professor na Escola Superior de Artes e Design de Caldas da Rainha. É membro do Grupo do Risco e especializou-se em desenho de natureza.