PUB

Desenho da semana: flores de salgueiro e patos-trombeteiros

30.04.2018

O ilustrador naturalista Marco Nunes Correia abre os seus cadernos de campo e mostra-nos o que o fascina na natureza portuguesa. São desenhos, esboços ou aguarelas onde regista as estações do ano. Uma por semana.

 

 

Num dia de Março de 2016, dois patos-trombeteiros descansavam tranquilamente entre os caniçais do Paul de Tornada, perto das Caldas da Rainha. Marco Nunes Correia descobriu-os e pegou logo nas suas aguarelas.

“Já estávamos em Março e sabia que estes patos, dois machos, não iriam estar por ali muito tempo”, explicou à Wilder o ilustrador. “Possivelmente estariam só a descansar, antes de seguirem para Norte.”

 

 

Marco Nunes Correia conseguia ver os animais por entre os ramos de salgueiro, na margem. Mas para os pintar teve a ajuda do seu telescópio. “Na realidade havia muitos caniços secos que dificultavam a sua visualização.”

A partir do mesmo local, este naturalista viu outra coisa que lhe chamou a atenção: um salgueiro. “O que me levou a desenhar o salgueiro foi a quantidade de aves que aí se encontravam. A certa altura apercebi-me que se alimentavam de partes das flores femininas mais tenras. Comecei, então, por desenhar os detalhes das flores masculinas e femininas. E depois decidi fazer um pequeno ramo para contextualizar aqueles elementos.”

 

 

Os desenhos, nos quais o ilustrador trabalhou durante hora e meia, foram feitos num caderno A4 de papel de aguarela, de fraca qualidade. “Cadernos baratos ajudam-nos a ter uma atitude mais despreocupada relativamente à expetativa de grandes resultados, o que possibilita abordagens tecnicamente mais soltas.”

 

[divider type=”thick”]Saiba mais.

Marco Nunes Correia, de Alcobaça, é professor na Escola Superior de Artes e Design de Caldas da Rainha. É membro do Grupo do Risco e especializou-se em desenho de natureza. 

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.

Don't Miss