Por estes dias, milhares de anfíbios em Portugal estão a dirigir-se para massas de água, no início de mais uma época de reprodução e os tritões-marmorados não são excepção. Os machos desta espécie passam por uma transformação incrível para cativar as fêmeas, explica Ana Ferreira, do projecto Charcos com Vida.
O tritão-marmorado (Triturus marmoratus) é um pequeno anfíbio com manchas verdes e castanhas. Está especialmente activo durante a noite.
De Outubro a Maio, esta espécie está em plena época de reprodução, com machos e fêmeas a aventurar-se para as massas de água mais próximas para se encontrarem, muitas vezes arriscando a vida através de estradas.
Por esta altura do ano pode aperceber-se que os machos desta espécie sofrem uma transformação incrível para surpreenderem as fêmeas: desenvolvem uma crista muito vistosa, com riscas verticais brancas ou amareladas, que se estende da cabeça à ponta da cauda!
Já as fêmeas são menos vistosas e distinguem-se dos machos pela ausência desta crista que é substituída por uma linha alaranjada desde a cabeça até ao final da cauda. Apresentam também uma aparência mais arredondada porque estão cheias de ovos para fecundar.
À semelhança dos tritões-de-ventre-laranja, a fecundação é interna. As fêmeas destes tritões têm muita paciência pois colocam todos os ovos (entre 150 a 400 ovos), um a um, envolvidos em folhas de plantas aquáticas.
Após alguns dias, os ovos eclodem e minúsculas larvas com dedos muito compridos e finos começam a alimentar-se sozinhas de pequenos insetos e crustáceos. No entanto, a sua metamorfose só termina em meados da Primavera, ou até no final do Verão dependendo das condições (da água e alimento).
Em Portugal existem duas subespécies: o tritão-marmorado, a norte do rio Tejo, e o tritão-marmorado-pigmeu, a sul do rio Tejo. Este último, como o nome indica, é mais pequeno e mais sarapintado que o anterior.
Nesta altura do ano justifica-se um passeio para procurar tritões-marmorados, perto de charcos e tanques, de Norte a Sul do país.
[divider type=”thick”]Três dos melhores locais para ver tritões-marmorados:
Ana Ferreira deixa-lhe aqui três sugestões e aconselha a que procure estes anfíbios:
Norte: Mindelo, Vila do Conde, Reserva Ornitológica de Mindelo (tritão-marmorado)
Centro: Verdizela (tritão-marmorado-pigmeu)
Sul: Parque Natural da Ria Formosa, Quinta de Marim, Olhão (tritão marmorado pigmeu)
[divider type=”thick”]Agora é a sua vez.
Envolva-se na campanha Charcos com Vida e ajude a pôr no mapa os charcos que conhece. Ou então, descubra aqueles que estão perto da sua casa. Também pode ajudar na campanha “Não deixe os charcos sem vida”, a decorrer de 28 de Outubro a 15 de Dezembro. A campanha de Crowdfunding tem como objectivo garantir a construção de mais 20 charcos, a inventariação de mais 174 charcos e o apoio a escolas (num total de 1.060 alunos) e a 390 profissionais.
A campanha Charcos com Vida, lançada em 2010, quer incentivar a inventariação, adopção, construção e manutenção de charcos e pequenas massas de água para a observação da biodiversidade e conservação da vida selvagem. Após uma primeira fase de organização a cargo do CIBIO (Centro de Investigação em Biodiversidade e Recursos Genéticos), actualmente a coordenação e desenvolvimento do projecto é da responsabilidade do CIIMAR (Centro Interdisciplinar de Investigação Marinha e Ambiental), da Universidade do Porto.
[divider type=”thick”]Saiba mais.
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