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SPEA pede voluntários para salvar aves marinhas

13.10.2022
Cagarra. Foto: Martin Loftus

A campanha de voluntariado “Salve uma Ave Marinha” realiza-se na Madeira entre este sábado, dia 15, e o próximo dia 15 de Novembro, época em que os juvenis de cagarra caem dos ninhos.

 

É nesta altura que as cagarras mais jovens correm mais perigo, “por serem pouco experientes”. Como são atraídas pelas luzes acesas à noite, ficam encandeadas e acabam por chocar contra edifícios, linhas eléctricas e veículos, explica a Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves, numa nota de imprensa enviada à Wilder. O problema é que estes juvenis, quando caem, não conseguem voltar a levantar voo e tornam-se assim presas fáceis dos predadores.

Desde 2009, para lidar com esta situação, a SPEA lançou campanhas de sensibilização para alertar as populações locais “sobre as boas práticas aquando de um encontro com uma destas aves, apelando também ao patrulhamento das zonas costeiras para uma resposta mais rápida a animais que possam estar em perigo”.

Em paralelo, e em articulação com municípios e outras entidades locais, o novo projecto LIFE Natura@night, coordenado também por esta organização não governamental de ambiente, “está a definir medidas que visam reduzir a poluição luminosa e os seus impactes na biodiversidade”. Exemplos: a realização de apagões e a reorientação e temporização de candeeiros. E nalguns casos, a criação de regulamentos municipais que limitem a emissão deste tipo de poluição, cada vez mais frequente.

“A conservação das aves marinhas passa por uma abordagem multidisciplinar – se por um lado necessitamos de patrulhar a costa recolhendo as aves atraídas pelas luzes, temos também de trabalhar com os decisores políticos e com as comunidades na procura de soluções de iluminação que não prejudiquem a biodiversidade”, refere Cátia Gouveia, coordenadora da SPEA na Madeira.

Estima-se que, na Macaronésia, cerca de 1.100 aves marinhas morram devido à poluição luminosa – um número considerado “particularmente relevante” tendo em conta que as aves marinhas são apontadas como um dos grupos animais mais ameaçado do mundo.

Outro dos objectivos é saber mais sobre a interação destas aves com a iluminação. Para isso, vão ser realizadas brigadas de patrulhamento científicas entre 23 de Outubro e 5 de Novembro, na zona Este, desde Câmara de Lobos até Santana – municípios abrangidos pelo projeto LIFE Natura@night.

“Procuramos voluntários que se queiram juntar aos técnicos da SPEA na realização de percursos a pé em busca de aves que necessitem da nossa ajuda”, acrescenta a coordenadora, que explica que para participarem “basta informar a SPEA através do email [email protected]”.

“Os voluntários, para além de ajudarem a salvar estas aves emblemáticas, poderão assistir às sessões de anilhagem e recolha de dados biométricos e receberão um diploma de participação nas brigadas”, indica também a ONG. Nas Canárias e nos Açores – neste último caso com a campanha SOS Cagarro – também vão ser feitos os mesmos esforços com o apoio de centenas de voluntários, adianta a mesma organização.

 


Saiba mais.

Descubra aqui mais informações sobre a cagarra e sobre outras aves marinhas que podem ser vistas em Portugal.

Inês Sequeira

Foi com a vontade de decifrar o que me rodeia e de “traduzir” o mundo que me formei como jornalista e que estou, desde 2022, a fazer um mestrado em Comunicação de Ciência pela Universidade Nova. Comecei a trabalhar em 1998 na secção de Economia do jornal Público, onde estive 14 anos. Fui também colaboradora do Jornal de Negócios e da Lusa. Juntamente com a Helena Geraldes e a Joana Bourgard, ajudei em 2015 a fundar a Wilder, onde finalmente me sinto como “peixe na água”. Aqui escrevo sobre plantas, animais, espécies comuns e raras, descobertas científicas, projectos de conservação, políticas ambientais e pessoas apaixonadas por natureza. Aprendo e partilho algo novo todos os dias.

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