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Foto: Bruno H. Martins / LPN

Sete anfíbios que pode encontrar em Portugal

22.02.2016

É após uma grande chuvada, quando os charcos, tanques e lagoas se enchem de água, que muitos anfíbios se juntam para a época da reprodução, sendo por isso mais fáceis de observar (e ouvir). Rita Alcazar, coordenadora do Centro de Educação Ambiental do Vale Gonçalinho (Liga para a Protecção da Natureza), indicou à Wilder sete espécies que se podem encontrar perto de habitats de água doce, nesta altura do ano.

 

Se preferir um passeio nocturno guiado à descoberta de alguns destes anfíbios, pode inscrever-se na acção que a  Liga está a organizar em Castro Verde, para dia 26 de Fevereiro, sexta-feira.

 

Rã-verde (Rana perezi)

 

Foto: MmParedes / Wiki Commons
Foto: MmParedes / Wiki Commons

 

Está presente em todo o território português, admitindo-se que seja o anfíbio mais comum em Portugal. Ocorre em toda a Península Ibérica, podendo ser observada pelo menos até ao Sul de França. A cor e os padrões da rã-verde podem variar muito, mas a tonalidade do dorso é geralmente verde, podendo ser ainda castanhas ou acinzentada. Atinge facilmente 7,5 cm, podendo chegar aos 10 cm de comprimento. Os tímpanos são bem visíveis.

Quer ouvir uma rã verde?

 

Sapo-comum (Bufo bufo)

Foto: Luís Guilherme Sousa / LPN
Foto: Luís Guilherme Sousa / LPN

 

Entre os anuros (anfíbios que não possuem cauda), é a maior espécie de fauna em Portugal. De cabeça grande e focinho achatado, em geral mede 6 a 15 cm, mas as fêmeas, que são maiores, podem chegar aos 22 cm. Ocorre de Norte a Sul do país, numa grande variedade de habitats, mas está dependente de águas paradas ou com pouca corrente para se reproduzir. Na Primavera, pode percorrer vários quilómetros até ao local habitual de reprodução.

 

Sapo-corredor (Bufo calamita)

Foto: Luís Guilherme Sousa / LPN
Foto: Luís Guilherme Sousa / LPN

 

Pode encontrar-se de Norte a Sul do país. Distingue-se do sapo-comum por ser mais pequeno e ter olhos com íris amarela esverdeada e muitas vezes, apresenta também uma linha vertical nas costas, amarelada ou esbranquiçada. O sapo-corredor é assim chamado porque se desloca em pequenas corridas e não saltando. Reproduz-se normalmente em pequenos charcos temporários, voltando ao mesmo local todos os anos, o que costuma acontecer após uma grande chuvada.

 

Rã-de-focinho-pontiagudo (Discoglossus galganoi)

Foto: Janek Pfeifer / Wiki Commons
Foto: Janek Pfeifer / Wiki Commons

 

Tem aspecto e nome de rã mas na verdade trata-se de um sapo. Este anfíbio pode ser observado apenas em Portugal e na metade Oeste de Espanha, em diferentes habitats mas normalmente próximos da água. Ocorre em quase todo o território português, mas é mais raro nas Beiras e em Trás-os-Montes. Os tímpanos são imperceptíveis, o que ajuda a distinguir esta espécie da rã-verde. A cor acastanhada ou acinzentada e os padrões do dorso podem variar muito. Reproduz-se entre Outubro e Dezembro, em locais de água baixa.

 

Sapo-de-unha-negra (Pelobates cultripes)

Foto: Bruno H. Martins / LPN
Foto: Bruno H. Martins / LPN

 

Os grandes “olhos de gato” deste sapo, com uma pupila vertical, sobressaem na cabeça alargada. Vive enterrado durante o dia, em galerias que escava com a ajuda de duas “esporas” de cor negra nas patas traseiras (daí o nome). Está circunscrito a toda a Península Ibérica e a uma parte do território francês, sendo em Portugal mais fácil de encontrar a Sul do Tejo. Durante as épocas de reprodução está muito vulnerável a atropelamentos. É também ameaçado pelo lagostim-vermelho-do-Lousiana (espécie exótica).

 

Sapo-parteiro-comum (Alytes obstetricans)

Foto: Gilles San Martin / Wiki Commons
Foto: Gilles San Martin / Wiki Commons

 

Os machos desta espécie carregam um fio de ovos fertilizados, enrolados à volta das pernas, para os proteger de predadores. Pode encontrar-se em vários países da Europa, mas em Portugal é mais fácil de observar no Norte e Centro do país (até ao rio Tejo), embora se encontre também na serra de São Mamede. Prefere massas de água permanente, como ribeiros, charcos e tanques. Já a sul do Tejo, pode observar-se o sapo-parteiro-ibérico (Alytes cisternasii).

 

Salamandra-de-costelas-salientes (Pleurodeles waltl)

Foto: Bruno H. Martins / LPN
Foto: Bruno H. Martins / LPN

 

Ocorre na maior parte da Península Ibérica com influência mediterrânica e no Norte de Marrocos. Em Portugal, é especialmente abundante a Sul do Tejo, mas pode observar-se também mais a Norte, no Litoral, e no Interior junto da fronteira com Espanha. Este anfíbio atinge entre 25 a 31 cm de comprimento. Deve o seu nome às protuberâncias glandulares que formam uma linha dos dois lados do tronco, por onde podem sair as pontas das costelas quando o animal se sente em perigo.

 

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Se desejar encontrar mais informação sobre estas e outras espécies de anfíbios, pode consultar os sites dos programas LIFE Charcos e Charcos com Vida e ainda as fichas de espécies do Atlas dos Anfíbios e Répteis de Portugal.

 

Inês Sequeira

Foi com a vontade de decifrar o que me rodeia e de “traduzir” o mundo que me formei como jornalista e que estou, desde 2022, a fazer um mestrado em Comunicação de Ciência pela Universidade Nova. Comecei a trabalhar em 1998 na secção de Economia do jornal Público, onde estive 14 anos. Fui também colaboradora do Jornal de Negócios e da Lusa. Juntamente com a Helena Geraldes e a Joana Bourgard, ajudei em 2015 a fundar a Wilder, onde finalmente me sinto como “peixe na água”. Aqui escrevo sobre plantas, animais, espécies comuns e raras, descobertas científicas, projectos de conservação, políticas ambientais e pessoas apaixonadas por natureza. Aprendo e partilho algo novo todos os dias.

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