Sónia Ferreira, investigadora do CIBIO-InBIO (Centro de Investigação em Biodiversidade e Recursos Genéticos), sugere seis espécies de lesmas (mais ou menos) fáceis de encontrar no Outono em Portugal.
Experimente partir à procura de lesmas em dias húmidos, quando estes animais estão com maior actividade. “Depois de uma chuvada, e especialmente à noite, é fácil encontrá-las activas”, explica Sónia Ferreira à Wilder. Isto porque as lesmas precisam de elevada humidade.
“Durante o dia escondem-se debaixo de troncos, pedras ou na manta morta.”
Em períodos de seca, nomeadamente em grande parte do Verão, estes animais “refugiam-se nas proximidades de cursos de água/charcas ou abrigam-se na manta morta/solo, onde aguardam pela ocorrência das chuvas”.
“Noites de chuva (ou pós-chuva) e temperaturas amenas são o ideal para observar estes organismos, a par da observação de anfíbios, também muito ativos e como tal de observação mais facilitada nessas condições”, acrescenta a investigadora.
Aqui ficam seis espécies fáceis de observar, especialmente pelo seu grande tamanho e porque são relativamente fáceis de identificar:
Lesma-preta (Arion ater):
É uma espécie muito comum na metade Norte do país. Apenas os adultos têm a cor preta – antes são alaranjados e depois ganham uma cor castanha clara – e podem medir cerca de 15 centímetros.
Esta lesma é hermafrodita, gosta de habitats com elevada humidade e passa a maior parte do tempo a alimentar-se (na sua maioria fungos e plantas).
Tem um papel crucial para os ecossistemas, uma vez que decompõe a matéria orgânica.
Lesma-amarela (Limacus flavus):
Esta espécie ocorre um pouco por todo o país.
A lesma-amarela, como a maioria das outras lesmas terrestres, usam dois pares de tentáculos nas suas cabeças para apreender o ambiente onde estão. O par de cima é usado para se aperceberem da luminosidade; o par de baixo dá-lhes a sensação do olfato. Ambos os pares retraem-se e esticam-se para evitar colidir com elementos do seu ambiente.
Atenção que por vezes é confundida com a lesma-do-Gerês.
Lesma-leopardo (Limax maximus):
“A lesma-leopardo é muito característica, por vezes atinge grandes dimensões e é muito bonita”, descreve Sónia Ferreira.
Alimenta-se de plantas, fungos, lixo, etc. Tem hábitos nocturnos, ainda que também a possamos ver em dias chuvosos e de temperatura amena.
Habita em vários tipos de locais, como bosques, jardins, exteriores de edifícios, muros e pilhas de lixo, por exemplo.
“Esta lesma tem o corpo arredondado e apresenta uma quilha na parte posterior. É de cor acinzentada ou enegrecida, com manchas ou linhas mais escuras; tem o pé de cor esbranquiçada e o seu muco é incolor”, segundo Teresa Rodrigues Lopez, investigadora da Universidade de Santiago de Compostela (Espanha).
“São hermafroditas com fecundação cruzada. Para a cópula penduram-se a um filamento de muco e enroscam os seus genitais que se parecem umas grandes massas esbranquiçadas.”
Lesma-dos-pousios (Drusia valenciennii):
“Para que não se pense que as lesmas são coisa do Norte, esta espécie é bem abundante mesmo no Alentejo onde abundância de água é bastante limitada”, explica Sónia Ferreira.
Esta é uma espécie endémica da Península Ibérica, da família Parmacellidae, e é comum vê-la depois das primeiras chuvas da Primavera.
É uma lesma de cor amarelada (pode ter algumas manchas negras), de hábitos nocturnos e que pode ultrapassar os 10 centímetros de comprimento.
O género a que pertence, Drusia, tem espécies de lesmas grandes. Na Península Ibérica, há apenas uma única espécie deste género, precisamente a lesma-dos-pousios.
Lesma Milax gagates:
Esta é uma espécie ligeiramente mais rara. A Milax gagates tem uma quilha bem visível entre o manto e a extremidade posterior.
O corpo destas lesmas é cinzento escuro ou mesmo preto, embora tenha lados um pouco mais claros.
Vive principalmente em áreas cultivadas, geralmente na costa, e também em florestas, arbustos e prados naturais. Prefere habitats perto de água.
Lesma do Gerês (Geomalacus maculosus):
Esta é uma espécie rara e protegida. “Continua a ser uma boa candidata a ser observada, mas mais na metade Norte do país”, adverte Sónia Ferreira.
É uma lesma “acastanhada com bastante variação na coloração e que apresenta manchas amareladas (mais claras) (máculas que lhe dão o nome maculosus)”. Tem um tamanho médio a grande e pode alcançar os 12 centímetros de comprimento.
“Alimenta-se de líquenes e musgos pelo que, muito provavelmente, quando a observamos à noite sobre troncos de árvores ou sobre granito, andará à procura de alimento.”