Retrato de um naturalista: Luís Cardoso

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Luís Cardoso, 31 anos, é engenheiro informático e vive na zona de Coimbra. O contacto com a natureza é para si uma necessidade. Através da fotografia de natureza expressa os seus sentimentos, captando um mundo complexo – rico em formas, cores e texturas – que o fascina.

WILDER: Quando começou a fotografar a natureza?

Luís Cardoso: Comecei em 2007 com o telemóvel. Em 2016 comprei a minha primeira máquina fotográfica e em 2017 tirei as primeira fotos que realmente gostei e realmente me marcaram.

D.R.

W: Porque começou? O que a fascina nestas espécies e na natureza em geral?

Luís Cardoso: Para mim o contacto com a natureza é algo muito terapêutico e mesmo até uma necessidade. Facto que ficou bem patente nesta quarentena. Nesse contacto existe uma paz e uma plenitude que é difícil de descrever por palavras. A fotografia surgiu, inicialmente, como um complemento às caminhadas e passeios. O que me fascina mais na natureza é a sua riqueza e complexidade. Riqueza de formas, de cores, de texturas. A forma como tudos os seres vivos têm um papel e funcionam em sintonia. E penso que seja esta riqueza que confere à natureza a magia que me faz gostar tanto de estar imerso nela.

D.R.

W: O que representa a fotografia de natureza na sua vida?

Luís Cardoso: É um meio de expressão artística. Através da fotografia eu sinto que consigo expressar sentimentos e impressões que de outras formas não conseguiria. Pela fotografia consigo mostrar a outras pessoas a beleza da natureza através da minha prespectiva pessoal.

D.R.

W: Quais espécies ou locais que mais gosta de observar e de fotografar?

Luís Cardoso: Gosto especialmente de serras. Por serem mais inacessíveis acabam por ser menos afectadas pela intervenção humana. Como vivo na zona de Coimbra sou um visitante regular das serras aqui perto, especialmente a da Lousã e do Buçaco. Também costumo frequentar as serras do Caramulo e do Açor e, para lá desta última, a serra da Estrela, que é, sem dúvida, um dos meus locais favoritos. Em termos de espécies realço o carvalho e o guarda rios. O primeiro pela personalidade individual de cada árvore. Isto em oposição às florestas monótomas de pinheiro-bravo e eucalipto. O segundo pelas cores incríveis. Já tive a sorte de ver guarda-rios alguns ao vivo na natureza e até já consegui tirar um par de fotos de um. São aves realmente incríveis.

D.R.

W: Qual o seu objectivo quando fotografa natureza?

Luís Cardoso: No momento, quando estou a fotografar, não tenho nenhum objectivo em mente. Simplesmente deixo-me levar pelo cenário e pelo que estou a sentir. Não coloco a mim mesmo nenhum tipo de pressão, e se não sentir vontade de tirar nenhuma foto não tiro. À posteriori com as fotos que resultam disso tenho um processo de seleção e edição que tem como objectivo final produzir um artefacto físico que tenha valor artístico para mim. Normalmente será um foto impressa em papel de qualidade e emoldurada, mas atualmente também estou a experimentar fazer um pequeno livro com uma retrospectiva fotográfica de 2020 (para não serem só memórias negativas!).


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Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.

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