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Retrato de um naturalista: João Almeida

05.01.2022
Foto: DR

João Almeida, 26 anos, tem formação em higiene e segurança, mas o que ambiciona é seguir algo que lhe permita passar mais tempo na natureza. “Mesmo que não pareça, as cidades podem ser um habitat cheio de biodiversidade!”, lembra.

WILDER: De que forma expressa e satisfaz o seu gosto pela natureza? 

João Almeida: Expresso este amor de várias formas: sempre que posso dou passeios, faço caminhadas ou faço alguma atividade ao ar livre. Quando é possível, tento participar em censos. E mais recentemente comecei a dedicar-me à fotografia.

Ganso-do-egipto (Alopochen aegyptiaca). Foto: João Almeida

W: Quando é que se começou a interessar?

João Almeida: Desde criança que a minha ligação com a natureza e o mundo natural é algo bastante presente, desde os documentários do Sir David Attenborough, aos livros e guias que colecionava, sempre soube que era uma paixão que iria seguir. Desde tenra idade que as aves me fascinam, desde que me lembro adoro observá-las e ao seu comportamento.

Galinha d’água (Gallinula chloropus). Foto: João Almeida

W: E como é que começou a fotografar o mundo natural?

João Almeida: Mais recentemente, com a minha mudança para Lisboa e a situação da pandemia, a ideia da fotografia de natureza foi algo que surgiu. Isto não só porque me daria a oportunidade de continuar conectado à natureza noutro local, mas também porque percebi que a grande maioria da população das cidades vive desconectada do mundo natural. Mas mesmo que não pareça, as cidades podem ser um habitat cheio de biodiversidade!

Por isso achei que seria uma oportunidade desafiante e enriquecedora começar a dedicar-me a fotografar e a filmar a biodiversidade que vou encontrando pelos parques e zonas verdes, para mais tarde poder partilhar por exemplo nas redes sociais, com a missão de tentar reconectar essas mesmas pessoas com a natureza. Ainda é uma jornada em que estou a dar os primeiros passos, mas é algo que tenciono continuar a fazer. E quem sabe o que mais o futuro nos trará? 

Dois esquilos-vermelhos (Sciurus vulgaris). Foto: João Almeida

W: Que espécies ou locais mais procura ou gosta de observar?

João Almeida: São as aves e os mamíferos que me dão mais gosto observar. Quanto a espécies, o lince-ibérico é aquela que talvez tenha mais interesse em vir a fotografar.  Já no que respeita a locais não sou esquisito. O facto de estar a viver numa grande cidade quase há dois anos ensinou-me que podemos encontrar biodiversidade em todo lado! 

W: O que o fascina na natureza e o que esta representa na sua vida?

João Almeida: O que mais me fascina é a complexidade da natureza e como está tudo interligado para funcionar em perfeita harmonia, algo que temos vindo a esquecer ao longo do tempo. Natureza para mim representa um propósito pelo qual vale a pena lutar e proteger.

Fêmea de pato-real (Anas platyrhynchos). Foto: João Almeida

W: Há alguma mensagem que gostaria de deixar aos responsáveis pela conservação da natureza em Portugal?

João Almeida: A mensagem que posso deixar é que que continuem a fazer um bom trabalho como o que têm vindo a desenvolver. Mesmo que algumas espécies possam estar a passar por tempos difíceis é importante não desanimar e desisti. Não há nada mais nobre do que estarem a trabalhar arduamente, não só para proteger mas também para conseguir o regresso de algumas das espécies que outrora faziam parte das ricas fauna e flora do nosso país. 


Saiba mais.

Em Dezembro, João Almeida encontrou um grifo no centro de Lisboa, perto do El Corte Inglès.

Conheça aqui outros artigos da série Retrato de um Naturalista.

Inês Sequeira

Foi com a vontade de decifrar o que me rodeia e de “traduzir” o mundo que me formei como jornalista e que estou, desde 2022, a fazer um mestrado em Comunicação de Ciência pela Universidade Nova. Comecei a trabalhar em 1998 na secção de Economia do jornal Público, onde estive 14 anos. Fui também colaboradora do Jornal de Negócios e da Lusa. Juntamente com a Helena Geraldes e a Joana Bourgard, ajudei em 2015 a fundar a Wilder, onde finalmente me sinto como “peixe na água”. Aqui escrevo sobre plantas, animais, espécies comuns e raras, descobertas científicas, projectos de conservação, políticas ambientais e pessoas apaixonadas por natureza. Aprendo e partilho algo novo todos os dias.

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