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Por que é que as aranhas deixam as suas teias?

16.12.2019

Sérgio Henriques, da Sociedade Zoológica de Londres, responde à pergunta naturalista de uma leitora da Wilder. Michele Ferreira ficou curiosa com o desaparecimento de uma aranha que fez teia num vaso na sua casa.

“Uma aranha viúva-de-patas-vermelhas (Steatoda nobilis) fez uma teia no meu vaso de planta dentro de casa. Estava lá há três meses e numa noite sumiu. Não era suposto que abandonasse a teia só no verão?”, perguntou a leitora Michele Ferreira.

Segundo Sérgio Henriques, especialista em aranhas e investigador da Sociedade Zoológica de Londres, “as aranhas abandonam as suas teias por diferentes razões”.

“Em termos da biologia desta espécie, se forem fêmeas podem nunca sair e se forem machos podem apenas sair para acasalar.”

“Mas há várias razões ecológicas para as aranhas não estarem na teia.”

Uma das razões, diz Sérgio Henriques, é terem sido comidas. “As aranhas têm diversos predadores e se um deles a encontrou pode ser essa a causa do desaparecimento.”

Outra razão é “terem sido forçadas a sair”. Isto “se o local se tornou demasiado frio, demasiado quente, demasiado húmido, demasiado seco, etc.” Ainda assim, “esta espécie é bastante flexível”.

A falta de alimento é outra razão possível. “Se o local não tinha presas suficientes, as aranhas podem fazer teia noutro local para tentar a sua sorte num sítio com presas mais abundantes”.

“Outra razão pode ter sido falta de amor. Se uma fêmea não recebe atenção de nenhum macho durante bastante tempo, pode mudar para outro local na esperança de ser encontrada por um outro parceiro.”

“Finalmente, pode ter sido simplesmente morrido. As aranhas podem sofrer de doenças ou parasitas, tal como nós, ou ter ultrapassado o seu relógio biológico e morrido de idade avançada.”

No caso relatado por Michele Ferreira, “é difícil saber”. Mas estas são algumas das explicações possíveis.


Saiba mais.

Conheça aqui a aranha viúva-de-patas-vermelhas que a leitora Diana Teixeira de Carvalho encontrou a 11 de Novembro em Grijó, Vila Nova de Gaia.


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Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.

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