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Para fazer: ser voluntário no Centro Nacional de Reprodução de Lince-ibérico

12.04.2022
Lince-ibérico. Foto: Programa de Conservação Ex-Situ/arquivo

Por este Centro já passaram mais de 190 voluntários que integraram as equipas e ajudaram a vigiar o dia-a-dia deste animal Em Perigo de extinção. Neste momento voltam a estar abertas as inscrições para um novo período de voluntariado, que vai acontecer de Maio a Julho.

Durante esse período, de Maio a Julho, grande parte do trabalho será vigiar de perto os comportamentos e o desenvolvimento das pequenas crias de lince-ibérico (Lynx pardinus) que nasceram nesta Primavera. É por essas semanas que os pequenos linces passam pelo desmame e afinam o seu desenvolvimento locomotor e ganham aptidões sociais e técnicas de captura de alimento.

O trabalho dos voluntários tem sido fundamental nos vários centros de reprodução do lince-ibérico e está hoje em curso em quatro instalações: no Centro Nacional de Reprodução de Lince-ibérico (CNRLI), em Silves, em El Acebuche, Granadilla e La Olivilla. Os interessados podem, assim, contactar o Programa de Conservação Ex Situ do Lince Ibérico e escolher o centro onde querem fazer o voluntariado.

O único centro em Portugal, onde já nasceram mais de 140 linces, recebe voluntários desde 2011, dois anos depois de terem chegado os primeiros animais.

“Desde o início do programa de voluntariado já formámos e recebemos a ajuda de mais de 190 voluntários”, disse à Wilder Rodrigo Serra, director veterinário do CNRLI desde a primeira hora.

As quatro vagas em aberto procuram pessoas com formação em Etologia e Comportamento Animal, para ajudar na recolha de dados sobre o lince-ibérico que dará origem a “preciosa informação em tempo real sobre os nossos animais e sobre a espécie”.

“O trabalho de voluntariado consiste, sobretudo, na observação dos linces através das câmaras de videovigilância e no registo dos seus comportamentos com várias finalidades – desde a participação na rotina do Centro ao aumento do conhecimento sobre o comportamento do lince ibérico em cativeiro, à avaliação da sua aptidão para reintrodução, acompanhamento da reprodução, etc”, explicou o responsável.

“Esporadicamente, há oportunidade de ajudar os tratadores ou os veterinários noutras tarefas (anestesias, preparação de comida, limpeza do edifício das presas vivas, ajudar na captura de animais…) quando estas acontecem.” Ainda assim, o trabalho não envolve o contacto directo com os linces.

“Na prática, isto significa estar a maioria do tempo em frente aos monitores a registar dados comportamentais.”

Os voluntários têm uma permanência mínima de dois a três meses “em períodos do ano muito específicos, que são marcados pela fisiologia reprodutiva da espécie (período de emparelhamentos e cópulas, gestação e parto, desenvolvimento das crias e treino de reintrodução)”.

Durante toda a estadia, o programa do Instituto de Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF) oferece hospedagem, subsídio de alimentação (para cidadão da UE) por cada dia trabalhado e seguro médico contra acidentes.

“Os voluntários tornam-se mais uma peça da nossa equipa, contribuindo diretamente tanto para o sucesso do projeto do nosso centro, como para a conservação da espécie do lince ibérico em toda a Península”, comentou Rodrigo Serra.

Estima-se que em Portugal vivam cerca de 200 linces, distribuídos por um território que se estende entre os concelhos de Serpa e de Tavira.

A pouco e pouco, o lince-ibérico (Lynx pardinus) está a regressar aos seus territórios históricos em Portugal e Espanha. O lince-ibérico é uma espécie classificada desde 22 de Junho de 2015 como Em Perigo de extinção, depois de anos na categoria mais elevada atribuída pela União Internacional para a Conservação da Natureza (UICN), Criticamente em Perigo.


Agora é a sua vez.

Para mais informações e candidatura, por favor enviar CV para [email protected].

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.

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