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Cagarra. Foto: Elisa Teixeira/SPEA

Para fazer: salvar aves marinhas na ilha da Madeira

11.10.2024

A Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves (SPEA) está à procura de voluntários para ajudarem a salvar aves marinhas, nomeadamente juvenis de cagarras que saem dos ninhos e caem nas cidades, vítimas de poluição luminosa.

Neste momento há 37 voluntários inscritos na Campanha Salve uma Ave Marinha, iniciativa que organiza brigadas de patrulhamento noturnas entre os dias 23 de outubro e 5 de novembro em busca de aves desorientadas.

Patrulhas nocturnas. Foto: Elisa Teixeira/SPEA

“Devido à poluição luminosa, que é causada pelo excesso de luz artificial, estas aves, que têm os olhos adaptados à visão noturna, ficam encandeadas, e logo suscetíveis a embates em edifícios ou atropelamentos, ou tornando-se um alvo fácil para predadores”, explica a SPEA em comunicado.

Estes patrulhamentos irão decorrer nos municípios abrangidos pelo projeto LIFE Natura@night, desde Santana, Machico, Santa Cruz, Funchal e Câmara de Lobos, com o apoio de técnicos e funcionários dos referidos municípios, bem como dezenas de voluntários regionais e não só.

“Até ao momento, já temos 37 voluntários inscritos mas necessitamos do máximo de ajuda possível.”

“Procuramos voluntários que se queiram juntar aos técnicos da SPEA na realização de percursos a pé em busca de aves que necessitem da nossa ajuda e apelamos aos municípios que reduzam a iluminação, principalmente nesta época que é mais crítica”, reforçou Cátia Gouveia, coordenadora da SPEA Madeira e do projeto LIFE Natura@night.

“Nos Açores e Canárias também serão feitos os mesmos esforços com o apoio de centenas de voluntários”, acrescentou.

Cagarra. Foto: Elisa Teixeira/SPEA

Os voluntários, além de darem o seu contributo para proteger estas aves emblemáticas, poderão assistir às sessões de anilhagem e recolha de dados biométricos e receberão um diploma de participação nas brigadas. Para participar, visite o site www.naturaatnight.spea.pt.

A SPEA desenvolve, desde 2009, campanhas de sensibilização com a população local alertando sobre as boas práticas aquando de um encontro com uma destas aves, apelando também ao patrulhamento das zonas costeiras para uma resposta mais rápida a animais que possam estar em perigo, particularmente entre os dias 15 de outubro e 15 de novembro, época em que os juvenis de cagarra abandonam os ninhos, rumo ao mar.

O combate à poluição luminosa tem vindo a ser um dos focos de atuação da SPEA na Madeira nas últimas décadas.

Esta atividade realiza-se no âmbito do projeto LIFE Natura@night, cofinanciado pelo programa LIFE da União Europeia, coordenado pela SPEA e no qual uma aliança de 13 parceiros pretende uma abordagem direta à origem do problema, procurando implementar iluminação pública mais eficiente, melhor direcionada e mais amiga do ambiente.

No âmbito deste projeto, a Câmara Municipal do Funchal, juntamente com os municípios de Santa Cruz, Machico, Santana e Câmara de Lobos, está a realizar alterações na sua iluminação pública, de forma a salvaguardar a saúde dos ecossistemas noturnos.

Cagarra. Foto: Tiago Dias

O projeto LIFE Natura@night é cofinanciado pelo programa LIFE da União Europeia, coordenado pela SPEA, e tem como parceiros a Câmara Municipal de Câmara de Lobos, a Câmara Municipal do Funchal, a Câmara Municipal de Santa Cruz, a Câmara Municipal de Machico, a Câmara Municipal de Santana, a Câmara Municipal de Santa Cruz da Graciosa, a Direção Regional de Políticas Marítimas, o Instituto das Florestas e Conservação da Natureza, o Instituto de Astrofísica de Canárias, o Instituto Tecnológico de Canárias, a ALARED, a Fluxo de Luz e a Sociedade Espanhola de Ornitologia.

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.

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