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Foto: Marcello Consolo/Wiki Commons

O que procurar no Verão: os cantos das cigarras

13.08.2019

Descubra como aprender a reconhecer as espécies de cigarras que ocorrem em Portugal e como ajudar os cientistas que estão a investigá-las.

O que são: Os machos das cigarras são os únicos responsáveis pela cantoria destes insectos cantores. É dessa forma que procuram atrair as fêmeas da mesma espécie, com este chamamento a assinalar que estão disponíveis para o acasalamento. Cada espécie canta com ritmos e frequências diferentes, mais graves ou agudas, o que ajuda as fêmeas – e também os cientistas que estudam as cigarras – a reconhecer os machos da mesma espécie. Em Portugal e noutros países da Europa, as cigarras passam os três primeiros anos de vida como ninfas e escavam depois até à superfície no início do Verão. Alguns machos cantam do topo de enormes eucaliptos, mas também há espécies que sobrevivem abrigadas em plantas de berma de estrada, como a pequena cigarra verde alentejana Euryphara contentei.

Quando: Algumas das espécies começam a ouvir-se entre Maio e Junho, mas se as temperaturas se mantiverem altas, é possível escutar cigarras até Setembro ou mesmo até à primeira semana de Outubro. Em Portugal, acredita-se que estes insectos sobrevivem na forma adulta apenas durante três semanas, ao longo da época de reprodução. Os machos cantam durante o dia quase sem interrupções.

Onde ouvir: É possível escutar cigarras de Norte a Sul de Portugal Continental, mas estes insectos não ocorrem nos arquipélagos da Madeira e dos Açores. Os melhores locais são espaços verdes naturais, mas algumas espécies mais resistentes, como a Cicada orni, ouvem-se em árvores à beira das estradas de Lisboa, por exemplo.

Como ajudar: O projecto Cigarras de Portugal – Insectos Cantores, ligado a um grupo de investigadores da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, quer descobrir onde ocorrem as 13 espécies de cigarras que, ao longo das últimas décadas, foram registadas em Portugal. Para isso, pedem ajuda aos cidadãos para gravarem nos seus telemóveis o som das cigarras que escutarem. Depois, é só enviar com a data e localização – de preferência com as coordenadas GPS – para a página do projecto no Facebook ou registar no BioDiversity4All.

Para identificar as cigarras: Uma vez que há espécies praticamente idênticas, o canto é uma das principais pistas para distinguir umas espécies de outras. Há espécies cujo som faz lembrar um aspersor de rega (Tettigetalna mariae), outras uma panela de pressão (Lyristes plebejus) ou um cabo eléctrico de alta tensão (Tibicina garricola). Pode procurar neste site europeu como soam as espécies que ocorrem em Portugal, incluindo a Cicada orni, a Cicada barbara lusitanica, a Euryphara contentei e a Tibicina garricula.

Espécies de cigarras em Portugal: Estão registadas 13 espécies de cigarras para Portugal Continental, cujo som pode procurar aqui. São elas: Cicada orni, Cicada barbara lusitanica, Lyristes plebejus, Tibicina garricola, Tibicina quadrisignata, Tibicina tomentosa, Tettigetalna argentata, Tettigetalna mariae, Tettigetalna estrellae, Tettigetalna josei, Tympanistalna gastrica, Euryphara contentei, Hylaphura varipes.

Inês Sequeira

Foi com a vontade de decifrar o que me rodeia e de “traduzir” o mundo que me formei como jornalista e que estou, desde 2022, a fazer um mestrado em Comunicação de Ciência pela Universidade Nova. Comecei a trabalhar em 1998 na secção de Economia do jornal Público, onde estive 14 anos. Fui também colaboradora do Jornal de Negócios e da Lusa. Juntamente com a Helena Geraldes e a Joana Bourgard, ajudei em 2015 a fundar a Wilder, onde finalmente me sinto como “peixe na água”. Aqui escrevo sobre plantas, animais, espécies comuns e raras, descobertas científicas, projectos de conservação, políticas ambientais e pessoas apaixonadas por natureza. Aprendo e partilho algo novo todos os dias.

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