Foto: Joana Bourgard

Junte-se ao primeiro Bioblitz da Flora Portuguesa e descubra as plantas que vivem ao pé de si

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Para comemorar o Dia Internacional do Fascínio das Plantas, esta acção de ciência cidadã acontece já este fim-de-semana, a 22 e 23 de Maio, e está aberta a todos os interessados em participar. Basta ter curiosidade pelas plantas que nos rodeiam e acesso à Internet.

Quem participa num bilblitz descobre espécies de flora e fauna com a ajuda de cientistas. Ao mesmo tempo que se diverte e aprende na natureza, ajuda os especialistas através do registo das espécies que encontra, pois estes não conseguem chegar a todo o lado.

Este é o desafio lançado agora pelo primeiro Bioblitz da Flora Portuguesa, que acontece neste fim-de-semana, a 22 e 23 de Maio, totalmente em modo virtual. “Os principais objetivos são gerar conhecimento e alertar para a importância de investigar e catalogar a biodiversidade das plantas em Portugal”, explicaram à Wilder os organizadores desta iniciativa, Sergio Chozas, da Sociedade Portuguesa de Botânica, e Patrícia Tiago, da plataforma BioDiversity4All.

Foto: Joana Bourgard

O objetivo é identificar espécies nativas de Portugal, tanto no Continente como nas Ilhas, mas evitando “as plantadas e/ou cultivadas”, esclarecem os dois biólogos, ambos investigadores no cE3c – Centro de Ecologia, Evolução e Alterações Ambientais, da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa.

“É importante referir que existe um grande número de plantas que crescem de forma espontânea nas cidades, nos jardins, passeios e baldios, cujo valor é importantíssimo, não só como elemento estético, mas também por exemplo como alimento para inúmeras espécies de insectos.”

Quem quiser participar e identificar as espécies de plantas que encontrar, deve começar por tirar fotografias, sempre que for possível, de três elementos: flor, folha e também o conjunto da planta. “Pormenores da flor como o cálice podem ser importantes para algumas espécies”, nota a equipa.

tapete verde de plantas silvestres
Foto: Joana Bourgard

De seguida, deve registar-se e carregar essas imagens na página da iniciativa, através da plataforma BioDiversity4All/iNaturalist. Os organizadores avisam que as fotografias não têm que ser inseridas logo no momento em que a pessoa está em passeio. “É possível fazer o ‘upload’ em casa ou usar a página web da iNaturalist, o que permite o uso de câmaras fotográficas no campo sem serem as do telemóvel.”

Quanto à identificação da espécie, se já conhecer a planta em questão pode incluir o seu nome científico no registo. Ou pode ter ajuda nessa tarefa usando a app iNaturalist – associada à BioDiversity4All e disponível para Android e iOS– com uma identificação automática. “Uma das grandes vantagens desta plataforma é que possui um algoritmo de reconhecimento de imagens, sugerindo identificações da espécie fotografada”, explicam.

“Posteriormente as identificações são validadas pela ‘comunidade’ da iNaturalist, composta por especialistas de todo o mundo.” E em particular no âmbito deste bioblitz, está também previsto que os especialistas da Sociedade Portuguesa de Botânica asseguram a validação das identificações.

Em Espanha, no mesmo fim-de-semana, mas começando logo na sexta-feira, realiza-se o primeiro Biomaratón de Flora Española – que inspirou aliás a realização desta primeira acção em Portugal.

Como é que vão ser usados os dados recolhidos?

Não existe para já uma meta para os dados recolhidos neste fim-de-semana de bioblitz, mas a equipa organizadora gostava de conseguir obter dados de todo o país. “Dependendo do número e qualidade dos registos obtidos, estes poderão dar um contributo direto ao conhecimento da flora portuguesa e ser a base de uma monitorização que pretende ser anual”, indicam.

Foto: Joana Bourgard

Mas como se trata do primeiro deste género a nível nacional, esperam sobretudo despertar a atenção dos portugueses para a importância do conhecimento botânico. “Estamos conscientes da limitação que este tipo de iniciativas possui”, reconhecem, notando que isso também acontece com monitorizações feitas pelos especialistas. Por exemplo, “as espécies mais conspícuas são as mais registadas”, ou então surgem “muitos dados de certos locais próximos às grandes cidades”.

“Se conseguirmos alertar para a importância de investigar e catalogar a biodiversidade das plantas em Portugal, consideramos que a iniciativa terá tido um grande sucesso.”


Agora é a sua vez.

Inspire-se e vá à descoberta destas sete espécies de plantas nativas de Portugal sugeridas e descritas à Wilder por Sergio Chozas e Patrícia Tiago.


Saiba mais.

Assista a este vídeo no qual os organizadores do I Bioblitz da Flora Portuguesa, Sergio Chozas e Patrícia Tiago, explicam tudo o que necessita de saber sobre esta iniciativa. Pode consultar também as informações práticas disponíveis aqui.

Inês Sequeira

Foi com a vontade de decifrar o que me rodeia e de “traduzir” o mundo que me formei como jornalista e que estou, desde 2022, a fazer um mestrado em Comunicação de Ciência pela Universidade Nova. Comecei a trabalhar em 1998 na secção de Economia do jornal Público, onde estive 14 anos. Fui também colaboradora do Jornal de Negócios e da Lusa. Juntamente com a Helena Geraldes e a Joana Bourgard, ajudei em 2015 a fundar a Wilder, onde finalmente me sinto como “peixe na água”. Aqui escrevo sobre plantas, animais, espécies comuns e raras, descobertas científicas, projectos de conservação, políticas ambientais e pessoas apaixonadas por natureza. Aprendo e partilho algo novo todos os dias.

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