Nos recentes dias de tempestade, a bióloga marinha e leitora da Wilder Carmen B. los Santos deparou-se com centenas de estrelas-do-mar e outras espécies no areal da Praia de Faro, no Algarve.
Na manhã de sábado de 3 de Março, depois das tempestades, Carmen B. los Santos encontrou naquela praia centenas de estrelas-do-mar do género Astropecten (talvez Astropecten aranciacus, estrela-do-mar-pente) e outras espécies como caravelas-portuguesas (Physalia physalis) e o hidrozoário (cnidaria) Velela velella.
“Foi a primeira vez que vi tantas estrelas-do-mar encalhadas depois de uma tempestade”, disse à Wilder esta bióloga do Centro de Ciências do Mar da Universidade do Algarve, a estudar os serviços dos ecossistemas fornecidos por algas, ervas marinhas e sapal, ou seja, pela vegetação que existe na costa.
No areal, “algumas das estrelas-do-mar estavam vivas. Conseguia ver os pés ambulacrários a mexer-se. Mas outras tinham sinais de estar mortas, uma vez que grande proporção da estrela estava branca”.
Carmen B. los Santos acredita que a tempestade Emma será a causa deste episódio. “Esta tempestade deve ter arrastado as estrelas-do-mar até à areia. Segundo as notícias que li, aconteceu o mesmo em Huelva (Espanha) e na praia de Ramsgate (Reino Unido)”.
Segundo esta bióloga, as estrelas-do-mar terão desaparecido com a maré. “Apenas as vi no sábado de manhã. Alguns colegas meus foram até à praia de tarde e já não as viram.”
Estas estrelas-do-mar vivem em fundos de areia junto à costa. “Com o temporal e com as grandes ondas, devem ter sido arrancadas do fundo e levadas até a costa.”
Durante o mês de Março, com o mau tempo que se tem feito sentir, são muitas as espécies que têm aparecido na Praia de Faro. “As duas espécies mais abundantes que vi na praia são a caravela portuguesa (Physalia physalis) e o hidrozoário Velela velella.”
No fim-de-semana passado, a Autoridade Marítima Nacional alertou para o aparecimento de caravelas-portuguesas no Algarve.
Mas não são só animais que aparecem no areal. “Além dos animais, apareceu muito, muito lixo, sobretudo plásticos, redes de pesca e alcatruzes de plástico utilizados na pesca do polvo.”
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Fique ainda a conhecer melhor quais são e onde andam os organismos gelatinosos da costa portuguesa, neste artigo da Wilder.
Conheça o trabalho de Marília Santos que ilustrou as espécies da costa portuguesa.