Foto: CCMAR

Ajude os cientistas a saberem mais sobre as algas nas praias portuguesas

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A plataforma “Algas na Praia” pede a todos que colaborem para a identificação de grandes acumulações de algas que aparecem no mar ou nas praias, tanto em Portugal Continental como Açores e Madeira.


Este é o segundo ano consecutivo de funcionamento deste projecto de investigadores do CCMAR -Centro de Ciências do Mar e da Universidade do Algarve, que funciona com base em informações enviadas pelos cidadãos sobre as algas encontradas, através da plataforma online Algas na Praia. Dessa forma, os cientistas conseguem saber o que se passa com essas acumulações nos mais diversos locais do país.

“É normal encontrarmos algas no mar e nas praias, mas quando encontramos acumulações excessivas de algas podemos estar perante fenómenos resultantes de excesso de nutrientes provenientes de efluentes urbanos ou da fertilização excessiva em agricultura”, explica uma nota de imprensa enviada à Wilder pela Universidade do Algarve. Em causa pode estar também, acrescenta, a presença de algas invasoras, que “têm um impacto muito negativo nas espécies nativas da nossa costa”. 

O problema é que, quando as algas crescem demasiado, “podem prejudicar a biodiversidade, as pescas e a qualidade ambiental da praia”, alertam os investigadores.

Assim, a equipa do projecto procura responder a várias questões com ajuda dos dados que lhe são fornecidos através da plataforma “Algas na Praia”: de que espécies são as algas que se acumulam na costa portuguesa? Quando e onde ocorrem? O que está na sua origem e quais são os impactos que provocam? E finalmente, mas não menos importante, estarão estas acumulações a tornar-se mais ou menos frequentes?  

Duas algas invasoras e uma autóctone na costa sul do Algarve

Os resultados obtidos no Verão passado, em 2021, somaram um total de 96 registos na plataforma, que levaram à identificação de três diferentes zonas de acumulação de algas na costa sul algarvia, protagonizadas por espécies diferentes.

Assim, entre Lagos e Olhos de Água dominou a alga castanha Rugulopterix okamurae, uma espécie invasora originária dos mares da Coreia e Japão. No que respeita à zona entre Vilamoura e a Praia de Faro, dominou a alga vermelha Asparagopsis armata, uma espécie invasora originária da Austrália. Já na parte litoral entre a ilha da Armona e Vila Real de Santo António, localidade junto à fronteira espanhola, proliferou a alga verde Ulva sp., uma espécie autóctone da costa portuguesa.

Entretanto, este ano, cerca de um mês depois do início da época balnear, “já começaram a ser registadas acumulações de algas nas praias da costa sul do Algarve.” 

Segundo Rui Santos, professor da Universidade do Algarve e investigador do CCMAR, “os registos que forem submetidos este ano, juntamente com os dados obtidos no Verão passado, vão permitir identificar as condições ambientais chave para a proliferação de algas e definir estratégias para remover e utilizar esta biomassa que dá à costa”. 

Novo suplemento alimentar

A informação colocada na plataforma, avançam os responsáveis do projecto, pode também ajudar a que sejam avisadas as autoridades quando tal for necessário, para que as algas sejam removidas. Ao mesmo tempo, os investigadores podem tirar partido “do ponto de vista científico das algas removidas e dos seus potenciais benefícios para a saúde”.

Um exemplo do que poderá ser feito é o projeto NUTRISAFE, que procura desenvolver um novo suplemento alimentar a partir de algas invasoras que se acumulam nas praias, destacam.

Dina Simes, professora da Universidade do Algarve e investigadora do CCMAR, responsável por este projeto, salienta que “algumas destas algas apresentam compostos com caraterísticas anti-inflamatórias e de protecção vascular e pulmonar, pelo que podem ser utilizadas em suplementos alimentares que permitem reduzir comorbidades comuns associadas ao envelhecimento e às doenças inflamatórias crónicas”.

Inês Sequeira

Foi com a vontade de decifrar o que me rodeia e de “traduzir” o mundo que me formei como jornalista e que estou, desde 2022, a fazer um mestrado em Comunicação de Ciência pela Universidade Nova. Comecei a trabalhar em 1998 na secção de Economia do jornal Público, onde estive 14 anos. Fui também colaboradora do Jornal de Negócios e da Lusa. Juntamente com a Helena Geraldes e a Joana Bourgard, ajudei em 2015 a fundar a Wilder, onde finalmente me sinto como “peixe na água”. Aqui escrevo sobre plantas, animais, espécies comuns e raras, descobertas científicas, projectos de conservação, políticas ambientais e pessoas apaixonadas por natureza. Aprendo e partilho algo novo todos os dias.

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