O correspondente da Wilder, António Heitor, acordou de madrugada num dia de Inverno e, com um amigo, foi à procura de gaivotas junto ao mar, na linha do Estoril.
É nestes dias de Inverno que uma visita a marinas, zonas portuárias e praias mais abrigadas se torna obrigatória. A linha do Estoril tem um conjunto de locais de fácil acesso onde se podem observar gaivotas. Contudo, por serem locais de lazer é importante chegar cedo pois com a meio da manhã muitas das aves já partiram em busca de zonas mais tranquilas.
O passeio marítimo entre a marina de Oeiras e a praia de Santo Amaro, a praia de Paço de Arcos e a de Caxias, bem como a Doca Pesca em Algés, são passagem obrigatória nestes dias frios de Inverno.
Ao nascer ao Sol, estava no passeio marítimo em Oeiras à procura de pilritos-escuros (Calidris maritima). Mas deles nem sinal. A rola-do-mar (Arenaria interpres), um bando de pilrito-das-praias (Calidris alba) e um solitário maçarico-galego (Numenius phaeopus), não foram suficientes para animar o espírito de quem acordou de madrugada. Gaivotas só as mais comuns: uma ou outra gaivota-d’asa-escura (Larus fuscus) e uns pequenos guinchos-comuns (Chroicocephalus ridibundus).
Próxima paragem, Paço de Arcos. Na praia um cão acabava de afugentar o bando que aí estava. Fomos dar uma espreitadela ao cais junto ao Clube Náutico local. Bingo. Entre as gaivotas-d’asa-escura, as gaivotas-de-patas-amarelas, (Larus michahellis), alguns guinchos e outros tantos corvos-marinhos-de-faces-brancas (Phalacrocorax carbo), duas grandes gaivotas sobressaíam: gaivotão-real (Larus marinus) a maior gaivota do mundo. Um imaturo e um subadulto. Ainda a celebrar a observação, ao verificar que um dos corvos-marinhos estava anilhado, por sinal já sabemos que é dinamarquês e nasceu em 2008, uma gaivota diferente tinha passado despercebida. Era a gaivota-prateada (Larus argentatus) que nos andava a escapar, neste caso uma ave imatura.
Mais animados partimos com destino a Algés, mas um grupo de gaivotas na praia de Caxias chamou-nos à atenção. Eram guinchos, gaivotas-de-cabeça-preta (Larus melanocephalus) e gaivotas-d’asa-escura. Por entre estas, uma pequena gaivota destacava-se das restantes. Seria a gaivota-parda (Larus canus) que faltava à lista? Ainda não, mas esta ave em particular fez valer a saída. Uma gaivota-de-bico-riscado juvenil (Larus delawarensis) com pouco medo de nós, permitindo uma aproximação suficiente para a conseguir identificar.
Antes de regressar a Lisboa, uma visita à Doca Pesca em Algés. Os guinchos descansavam enquanto as grandes gaivotas, as de asa escura e as de patas amarelas, partiam mexilhões, ganhando um pouco de altitude e largando as conchas para que estes se partissem ao embater no chão. Com o mexilhão aberto, duas pequenas gaivotas tentaram roubar o tesouro. Afinal, eram a espécie que faltava: duas gaivotas-pardas, que não tiveram hipótese pois a grande de asa escura é bem maior e impôs o seu tamanho.
Ora aí está uma bela maneira de passar uma manhã de Domingo bem fresquinha na companhia de um bom amigo e de oito espécies de gaivotas. Obrigado Carlos.
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