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Lince-ibérico fez viagem de 500 quilómetros até ao Alentejo

08.06.2015

Kahn nasceu em Silves, foi libertado na província espanhola de Toledo e fez mais de 500 quilómetros até ao Alentejo. Este lince é um dos que percorreu uma das maiores distâncias desde que são feitos estes registos para a espécie.

O que acontece aos linces-ibéricos nascidos em cativeiro e libertados nas quatro regiões ibéricas (Mértola, Andaluzia, Extremadura espanhola e Castela-La Mancha) para recuperar a distribuição histórica desta espécie está fora do controlo de veterinários e biólogos. Depois de meses a serem vigiados através de monitores, enquanto crias, e de outros tantos a serem treinados para a liberdade, os linces estão agora entregues a si próprios.

Graças à coleira GPS, os técnicos do projecto Iberlince (2011-2016) acompanharam a viagem de Kahn e descobriram que percorreu uma das maiores distâncias desde que são feitos estes registos para a espécie.

Kahn foi libertado nos Montes de Toledo a 26 de Novembro de 2014 e começou a deslocar-se para Oeste desde esse primeiro dia, usando as zonas altas da serra. Atravessou o Parque Nacional de Cabañeros para chegar à comarca de La Jara. Depois seguiu até ao rio Tejo e permaneceu vários dias numa ilha do rio. Nas semanas seguintes continuou o caminho até ao sul da província de Toledo e em meados de Fevereiro entrou na província de Cáceres. Depois, Kahn conseguiu atravessar a nado o rio Guadiana para chegar, nos finais de Maio, a Portugal, tendo cruzado recentemente o embalse de Alqueva, conta a agência Europa Press.

Segundo os responsáveis do Iberlince, Kahn demonstrou capacidade de sobrevivência, tendo passado por zonas com diferentes densidades de coelho-bravo, tendo de encontrar presas alternativas quando não os havia, como roedores.

Os dados obtidos ao longo do projecto evidenciam que alguns linces conseguem percorrer mais de 25 quilómetros por dia, o que faz acreditar na possibilidade da ligação entre as actuais áreas de reintrodução.

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.

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