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Wisdom, uma albatroz, foi novamente mãe aos 65 anos

10.02.2016

É a ave mais velha em todo o mundo, entre aquelas de que há registo e que vivem livres na natureza. Wisdom é um albatroz de Laysan (Phoebastria immutabilis) que teve uma nova cria no início de Fevereiro, com 65 anos de idade.

 

O nascimento foi registado no Refúgio Nacional de Vida Selvagem do Atol de Midway, no Hawai, para onde Wisdom e centenas de milhares de outros albatrozes regressam todos os finais de Novembro, para nidificar.

Os albatrozes de Laysan são uma espécie que ocorre no Pacífico Norte, em especial nas ilhas do Nordeste do Hawai.

A nova cria, baptizada como Kukini (palavra do Hawai para ‘mensageiro’), saiu da casca no dia 1 de Fevereiro, depois de um longo período de incubação realizado por Wisdom e pelo macho do casal.

 

Wisdom "fala" para o seu ovo, pouco depois da postura, acompanhada pelo macho do casal (final de Novembro). Foto: Dan Clark / USFWS
Wisdom “fala” para o seu ovo, pouco depois da postura, acompanhada pelo macho do casal (final de Novembro). Foto: Dan Clark / USFWS

Entre os albatrozes, macho e fêmea revezam-se na incubação do ovo, tal como depois do nascimento, para alimentarem e cuidarem da cria. Os turnos de cada membro do casal, enquanto incubam o ovo, podem durar muitos dias.

No caso de Wisdom, desde dia 20 de Janeiro que o macho estava no ninho, dando-lhe assim tempo para ir para o mar à procura de alimento e renovar energias. Wisdom regressou no dia 7 de Fevereiro.

“A Wisdom é um símbolo icónico de inspiração e de esperança”, comentou Robert Peyton, gestor deste refúgio de vida selvagem, acrescentando que esta albatroz está a quebrar todos os recordes de longevidade de aves anilhadas, em pelo menos uma década.

Peyton lembrou ainda que os cientistas encaram os albatrozes como um indicador crítico da situação dos oceanos em todo o mundo, num comunicado do Monumento Marinho Nacional de Papahanaumokuakea, do qual este refúgio faz parte.

Desde 2006, quando tinha 55 anos, Wisdom teve pelo menos mais oito crias, e os registos indicam que teve pelo menos 40 desde que ela própria nasceu.

 

Wisdom, acompanhada pela nova cria. Foto: Kiah Walker / Voluntária do USFWS
Wisdom, acompanhada pela nova cria. Foto: Kiah Walker / Voluntária do USFWS

O total de milhas voadas também é assombroso, sublinham os cientistas: mais de três milhões de milhas (cerca de 4,8 milhões de quilómetros), desde que esta ave foi pela primeira vez registada no atol, em 1956. No total, esta distância equivale a seis viagens de ida e volta entre a Terra e a Lua.

O próprio biólogo que anilhou Wisdom quando ela era uma jovem ave nidificante, em 1956, tem hoje 97 anos de idade e continua a trabalhar no atol, sempre que pode, fazendo aquilo de que gosta. Chama-se Chandler Robbins e calculou que a ave teria pelo menos cinco anos, quando a observou pela primeira vez.

Os albatrozes são uma parte importante da vida nesta região, chegando às centenas de milhares ao Atol de Midway, no final de Novembro. Em Dezembro de 2015, voluntários do Serviço de Pescas e Vida Selvagem dos Estados Unidos contaram 470.000 ninhos activos em todo o local, o que se traduz numa população nidificante de 940.000 aves. Isto sem contar com todas aquelas que não tinham ainda construído ninho nessa data.

De acordo com os serviços do Parque Nacional, o Refúgio do Atol de Midway é também considerado a maior colónia de nidificação de albatrozes em todo o mundo. No local, ocorrem pelo menos 13 espécies diferentes de aves.

 

Wisdom e outros albatrozes em Dezembro de 2011, no Atol de Midway. Foto: USFWS
Wisdom e outros albatrozes em Dezembro de 2011, no Atol de Midway. Foto: USFWS

 

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Para ver outras imagens de Wisdom e da sua nova cria, pode acompanhar estas aves por aqui.

Inês Sequeira

Foi com a vontade de decifrar o que me rodeia e de “traduzir” o mundo que me formei como jornalista e que estou, desde 2022, a fazer um mestrado em Comunicação de Ciência pela Universidade Nova. Comecei a trabalhar em 1998 na secção de Economia do jornal Público, onde estive 14 anos. Fui também colaboradora do Jornal de Negócios e da Lusa. Juntamente com a Helena Geraldes e a Joana Bourgard, ajudei em 2015 a fundar a Wilder, onde finalmente me sinto como “peixe na água”. Aqui escrevo sobre plantas, animais, espécies comuns e raras, descobertas científicas, projectos de conservação, políticas ambientais e pessoas apaixonadas por natureza. Aprendo e partilho algo novo todos os dias.

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