PUB

vê-se-a-estreita-e-comprida-ilha-da-berlenga-com-o-farol-branco-no-meio
Ilha da Berlenga. Foto: Pedro Geraldes / SPEA

Voluntários já ajudaram a remover metade do chorão que ocupava a Berlenga

03.04.2017

As equipas do projecto Life Berlengas, que juntam técnicos e voluntários, já removeram desde Junho de 2014 cerca de 50 por cento do chorão que se tinha estendido pela Berlenga – uma área equivalente a quase dois campos de futebol.

 

Quando o Life Berlengas teve início, em Junho de 2014, esta planta – considerada uma das 100 piores espécies invasoras do mundo – cobria uma área total de 38.533 metros quadrados na ilha da Berlenga, situada ao largo de Peniche.

Nas contas da Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves (SPEA), que coordena este projecto Life, até ao final de 2016 já tinham sido retirados cerca de 15.000 metros quadrados.

Mas desde Janeiro deste ano, a área libertada cresceu para cerca de metade do total ocupado em Junho de 2014 – para o equivalente a quase dois campos de futebol.

 

Chorão-das-areias. Foto: Georges Jansoone/Wiki Commons

 

“Já demos um bom avanço nestes primeiros meses do ano. O número de horas em que trabalhámos na remoção de chorão do solo, entre Janeiro e agora, foi semelhante ao total de horas de 2015”, disse à Wilder Joana Andrade, coordenadora do Life Berlengas. O objectivo deste projecto comparticipado pela União Europeia, em curso até Setembro de 2018, é identificar as principais ameaças ao património natural do arquipélago e definir como se podem erradicar.

As equipas de trabalho totalizam normalmente entre sete a oito pessoas, entre técnicos e voluntários, que se vão revezando e permanecem na Berlenga entre uma a duas semanas por mês.

Além da apanha do chorão, que se faz principalmente fora da época balnear, entre o Outono e a Primavera, as equipas dedicam-se a outras acções, como a monitorização da reprodução de algumas espécies de aves marinhas (airo, galheta e cagarras, entre outras) e a plantação de espécies endémicas, que ocorrem apenas no arquipélago.

No caso do chorão, a meta é remover pelo menos 80% desta planta até Setembro do próximo ano. Noutras áreas da ilha ainda em dúvida, onde a remoção desta invasora poderia levar ao desmoronar da rocha, estão a ser feitos testes com alternativas como a utilização de mantas de coco, um material natural, adiantou Joana Andrade, que é também coordenadora do Departamento de Conservação Marinha na SPEA.

“Com as suas folhas muito densas e raízes fortes, o chorão é uma importante ameaça à conservação das plantas nativas, em especial das três espécies endémicas (arméria-das-berlengas, herniária-das-berlengas e pulicária-das-berlengas)”, explica uma nota divulgada pela associação.

Esta planta é também um problema para a conservação das aves marinhas que ocorrem no arquipélago, uma vez que “o denso tapete que forma reduz o número de cavidades disponíveis para ninho”.

 

Foto: Joana Andrade/SPEA

 

Introduzido nos anos 1950 para acautelar o desmoronar dos terrenos que tinham sido movidos devido à construção de um restaurante na ilha, o chorão ocupou rapidamente outras encostas e terrenos da Berlenga.

No total, até hoje já participaram na remoção de chorão mais de 100 voluntários, que se juntam aos vigilantes da Reserva Natural das Berlengas e aos técnicos da SPEA e de outras organizações parceiras.

Além da ilha da Berlenga, este pequeno arquipélago inclui dois conjuntos de pequenas ilhas: os Farilhões-Forcados e as Estelas.

 

[divider type=”thin”]Agora é a sua vez.

Se desejar colaborar como voluntário nas acções do LIFE Berlengas, poderá candidatar-se a participar nos trabalhos que estão previstos para Novembro e Dezembro deste ano. Saiba mais no site da SPEA.

 

 

[divider type=”thin”]Saiba mais.

Leia a reportagem da Wilder sobre a recuperação da natureza nas Berlengas.

Inês Sequeira

Foi com a vontade de decifrar o que me rodeia e de “traduzir” o mundo que me formei como jornalista e que estou, desde 2022, a fazer um mestrado em Comunicação de Ciência pela Universidade Nova. Comecei a trabalhar em 1998 na secção de Economia do jornal Público, onde estive 14 anos. Fui também colaboradora do Jornal de Negócios e da Lusa. Juntamente com a Helena Geraldes e a Joana Bourgard, ajudei em 2015 a fundar a Wilder, onde finalmente me sinto como “peixe na água”. Aqui escrevo sobre plantas, animais, espécies comuns e raras, descobertas científicas, projectos de conservação, políticas ambientais e pessoas apaixonadas por natureza. Aprendo e partilho algo novo todos os dias.

Don't Miss