A 1 de Setembro, quatro comunidades autónomas espanholas vão começar o primeiro censo genético de urso-pardo cantábrico, que se estenderá até 15 de Dezembro, informou a Junta espanhola de Castela e Leão.
Actualmente estima-se que vivam na Cordilheira Cantábrica, no Norte da Península Ibérica, entre 230 a 270 ursos-pardos (Ursus arctos), espécie declarada Em Perigo de extinção em Espanha em 1989 e protegida pela legislação espanhola desde 1973.
Estão distribuídos por duas sub-populações, a ocidental com entre 190 e 230, e a oriental, com cerca de 40.
Todos os anos, equipas técnicas das comunidades autonómicas, da Fundación Oso Pardo (FOP), de outras entidades conservacionistas e voluntários saem para o campo à procura de indícios e recolhem vídeos e fotografias para saber quantas fêmeas e quantas crias vivem na região. O último censo conhecido, referente a 2018, deu conta de 38 fêmeas e 64 crias.
Agora, além deste tipo de contagens, as autoridades vão experimentar uma outra forma de conhecer melhor estes animais, através de estudos genéticos.
No total, a área alvo deste censo na Cordilheira Cantábrica tem cerca de 1,5 milhões de hectares, repartidos em 314 quadrículas de 5×5 quilómetros em Castela e Leão, 202 nas Astúrias, 69 na Cantábria e 43 na Galiza.
A realização conjunta do primeiro censo de urso-pardo cantábrico foi acordada em 2019 pelo grupo de trabalho no qual participam as comunidades autónomas de Castela e Leão, Astúrias, Cantábria e Galiza, sob a coordenação do Miteco (Ministério espanhol para a Transição Ecológica).
O objectivo é “obter dados rigorosos sobre a espécie” que permitam fazer uma gestão conservacionista mediante “critérios científicos modernos, tal como se está a fazer com esta e outras espécies em perigo de extinção e em situação crítica”, explica a Junta de Castela e Leão em comunicado.
A individualização genética estará a cargo da Universidade Autónoma de Barcelona. Já os estudos de parentesco e conectividade dos ursos serão da responsabilidade do Instituto de Biologia Evolutiva – CSIC e a análise da estimativa populacional do Instituto de Recursos Cinegéticos IREC – CSIC.
O principal método será a realização de trajectos para a localização de excrementos. Além disso, em função das disponibilidades de cada comunidade autonómica, serão utilizados métodos para recolher pêlo e câmaras de foto-armadilhagem. “A utilização de mais de um método vai permitir combinar os dados e a estimativa populacional poderá ser mais precisa”, acrescenta a Junta.
O trabalho de campo em Castela e Leão será realizado pelos agentes ambientais da Junta, pelos membros das patrulhas dedicadas ao urso-pardo da Fundación del Patrimonio Natural de Castilla y León e técnicos da Fundación Oso Pardo.
“Além da elevadíssima importância da estimativa populacional que se fará nos próximos meses, a Junta de Castela e Leão considera especialmente relevante conhecer as relações de parentesco e conectividade, assim como o nível de endogamia (grau de relação entre os progenitores) dos diferentes indivíduos da população cantábrica, especialmente tendo em conta a recente troca de exemplares entre as subpopulações oriental e ocidental da Cordilheira Cantábrica.”
Uma primeira fase dos trabalhos de parentesco acontecerá durante 2020 mas terão continuidade em 2021, mediante técnicas de sequenciação de última geração (Next-Generation Sequencing o NGS). Estas permitirão determinar a diversidade genética de cada indivíduo e a relação de parentesco entre os animais.
[divider type=”thick”]Saiba mais sobre o urso-pardo.
O urso-pardo mede entre metro e meio e dois metros. Os machos podem pesar entre 80 e 240 quilos e as fêmeas entre 65 e 170 quilos.
A população mundial de urso-pardo está estimada em cerca de 200.000 animais. A Rússia tem as maiores populações (estimadas em 120.000 ursos), seguida dos Estados Unidos (32.200, dos quais 31.000 no Alasca) e Canadá (25.000). Há ainda ursos na China e no Japão.
Na Europa, excluindo a Rússia, calcula-se que existam cerca de 14.000 ursos. No Sul da Europa, esta é uma espécie Em Perigo de extinção, com populações pequenas na Grécia, Cordilheira Cantábrica, Abruzzo, Trentino e Pirinéus.