A coligação de Esquerda Unidos Podemos pediu explicações ao Governo espanhol por considerar que este não está a cumprir os seus compromissos para com a protecção do lince-ibérico, noticiou ontem a agência Europa Press.
Segundo a agência, a coligação denuncia que em 2015, o Governo espanhol anunciou que iria investir 2,5 milhões de euros na conservação desta espécie ameaçada mas desde 2014 apenas investiu 500.000 euros.
O porta-voz do Ambiente da coligação, o deputado Juantxo López de Uralde, mostrou-se preocupado com o aumento do número de linces mortos. Denuncia, concretamente, o aumento dos atropelamentos, a maior causa de morte desta espécie. “Um total de 34 linces morreram em Espanha em 2017 (35 segundo a contagem realizada pela Europa Press), 21 foram atropelados e, pelo menos, cinco morreram por caça furtiva”, alertou López de Uralde.
Nesta segunda-feira, a Junta da Andaluzia confirmou o primeiro lince morto por atropelamento em 2018. O cadáver um macho juvenil sem colar de seguimento foi encontrado no domingo, dia 7 de Janeiro na A-316, na região de Torredelcampo (Jaén). O animal foi levado para o Centro de Análise e Diagnóstico da Fauna Silvestre da Junta da Andaluzia onde se realizará a necropsia.
Face a esta “situação muito grave”, é preciso uma maior aposta do Governo na protecção deste animal, defendeu López de Uralde.
Segundo a Europa Press, este deputado pressiona o Congresso para acabar com os pontos negros nas estradas onde morreram vários linces, como as A-IV, N-420 e a A-301 na Andaluzia. López de Uralde também questiona o Governo sobre quais são as suas intenções para controlar estes pontos negros nas estradas e pediu mais informação sobre se os protocolos para a protecção do lince, assinados até ao momento, estão ou não a ser executados.
O lince-ibérico é uma espécie classificada desde 22 de Junho de 2015 como Em Perigo de extinção, depois de anos na categoria mais elevada atribuída pela União Internacional para a Conservação da Natureza (UICN), Criticamente em Perigo.
Estima-se que a população mundial de lince-ibérico (Lynx pardinus) seja actualmente de apenas 483 animais. Em meados do século XIX seriam cem mil espalhados por toda a Península Ibérica. O colapso das populações de coelho-bravo, a sua principal presa, a caça indiscriminada e a perda de habitat explicam o cenário.