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Fotografia: Pedro Cunha

Um passeio cheio de aves no coração do Alentejo

09.05.2015

Pedro Cunha observa aves desde os 11 anos. Este fotógrafo de ouvido apurado percorreu os trilhos perto de Reguengos de Monsaraz e identificou mais de 20 espécies. Entre elas um pica-pau-pequeno distraído.

Foi ao final da tarde de sexta-feira, 8 de Maio, que Pedro Cunha, 52 anos, pôs pés ao caminho na região de São Pedro do Corval, freguesia do concelho de Reguengos de Monsaraz, Alentejo.

O percurso, que durou cerca de duas horas e meia, fez-se junto a um ribeiro, com árvores altas e mato cerrado nas margens. Flores do campo amarelas, brancas e roxas pintavam a paisagem, marcada por grandes azinheiras e enormes rochas arredondadas.

 

Fotografia: Pedro Cunha
Fotografia: Pedro Cunha

 

Pedro Cunha viu raposas e javalis e ouviu muitos sapos e rãs. Mas foi a abundância de aves que o fascinou. Deu-nos conta de mais de 20 espécies, desde a águia-de-asa-redonda e o peneireiro-cinzento ao mocho-galego, passando pelo papa-figos, poupa, pombo-bravo, pintarroxo, verdelhão, pintassilgo e chapim-azul.

“A maior parte das aves identifiquei-as pelo ouvido. À medida que ia andando ia registando os seus cantos inconfundíveis”, contou à Wilder. Como os rouxinóis. “Fiquei surpreendido com a grande quantidade de rouxinóis.”

 

Fotografia: Pedro Cunha

 

 

Na sua lista ficaram também a pega-azul, a escrevedeira e a cotovia-de-poupa, o picanço-real e a toutinegra. E os estorninhos, “que imitam as outras aves”, ou o pica-pau-malhado, o abelharuco e a andorinha.

Entre os momentos que vai recordar está o seu encontro com um pica-pau-pequeno. “Nunca tinha estado a dois, três metros de um pica-pau-pequeno”, diz. “Parei no caminho quando o vi chegar e pousar numa árvore pequena e a começar a alimentar-se. Acho que ele nem me viu. E ficámos ali os dois, por uns instantes. Não é preciso irmos longe para termos grandes experiências na natureza.”

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.

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