Mais de 100 países aceitaram reforçar a protecção para 18 espécies ameaçadas de tubarões e raias, incluindo o tubarão mais rápido do mundo.
A proposta foi aprovada por 102 países no domingo passado, dia 25 de Agosto, na 18ª Conferência das Partes (COP18) da Convenção CITES (Convenção sobre o Comércio Internacional de Espécies de Fauna e Flora Selvagens Ameaçadas de Extinção). Quarenta países votaram contra.
O aumento da procura de barbatanas de tubarão é uma das principais razões pelas quais o número de tubarões está a diminuir nos oceanos.
Por ano, estima-se que sejam capturados entre 63 milhões e 273 milhões de tubarões, segundo dados do Pew Trust.
O tubarão-anequim (Isurus oxyrinchus) – que chega a atingir velocidades de 70 quilómetros por hora e é considerado o tubarão mais rápido do mundo – quase desapareceu por completo do Mar Mediterrâneo e os números estão a diminuir de forma preocupante nos oceanos Atlântico, Pacífico Norte e Índico.
Agora, o México apresentou uma proposta para incluir esta espécie e outras no Anexo II da CITES, para que a sua captura passe a estar sujeita a regras para o comércio internacional.
A proposta significa que estas espécies marinhas só poderão ser comercializadas se a sua captura não tiver impacto na sobrevivência das mesmas na natureza.
“Os tubarões-anequins são muito apreciados por causa da sua carne e barbatanas”, disse à BBC Ali Hood, directora de conservação do Shark Trust.
Este é “um dos tubarões mais valiosos economicamente” e é pescado por muitas nações à volta do globo. No entanto não estava sujeito a quotas internacionais de captura.
“Décadas de sobre-pesca sem limites, especialmente em alto mar, conduziu a declínios populacionais significativos.”
Além do tubarão-anequim, outras espécies marinhas, como as raias-guitarra, estão prestes a ser incluídas nos anexos da CITES.
A Conferência da CITES reúne cerca de 180 países em Genebra (Suíça) de 17 a 28 de Agosto. Estas votações terão de ser ratificadas em plenário até 28 de Agosto.
A CITES define as regras para o comércio de cerca de 35.800 espécies selvagens. Estas estão organizadas em duas listas, consoante a ameaça e a intensidade da procura comercial.
Umas espécies fazem parte da CITES porque já estão à beira da extinção. Outras porque o comércio as pode empurrar para lá.
Existem hoje cerca de 1.000 espécies (669 de fauna e 334 de flora) que não se podem comercializar, salvo condições excepcionais. São espécies do Anexo I da CITES o gorila, panda, jaguar, rã-tomate, águia-imperial, papagaio-do-brasil, arara-vermelha e várias orquídeas, por exemplo.
Para outras 34.596 espécies, do Anexo II, o comércio já é possível mas de forma controlada, para que não tenham a mesma sorte. É o caso do papagaio-cinzento e dos cavalos-marinhos.