Texugo “fã” de Banksy vence prémio de fotografia de vida selvagem

05.02.2025

A fotografia em que Ian Wood captou um texugo que parece estar a admirar um texugo de Banksy, um dos grandes nomes da arte urbana contemporânea, venceu a categoria People’s Choice Award dos prémios Wildlife Photographer of the Year 2024, foi hoje revelado.

“No Access”, do fotógrafo britânico Ian Wood foi captada numa rua de St Leonards-on-Sea, Inglaterra.

Foto: Ian Wood/Wildlife Photographer of the Year People’s Choice Award

Depois de alguns moradores terem deixado restos de comida na rua para as raposas, Ian reparou que texugos de um abrigo ali perto também estavam à procura de alimento. Uma noite, tendo visto um texugo a deslocar-se ao longo da rua, decidiu fotografá-lo. Para isso montou um pequeno abrigo à beira da rua. Apenas a luz de um candeeiro de rua iluminava o texugo, quando parou junto a uma versão em graffity de um texugo, feita pelo artista britânico Banksy.

À BBC, Ian Wood contou que passou quase dois anos a fotografar texugos. “Surgiu-me a ideia de fazer esta fotografia em particular. Pensei que seria engraçado pôr um graffity ali e ver se algum texugo passava por ele.”

“Sinto-me muito grato por descobrir que a minha fotografia venceu este prémio”, comentou o fotógrafo Ian Wood em comunicado. “Contudo, há um lado negro nesta imagem. Vivo na região rural de Dorset e estou numa missão de rewilding para melhorar habitats para a vida selvagem. O abate de texugos, que ainda decorre, dizimou muitos animais e receio que, a menos que este programa acabe, apenas iremos ver texugos em zonas urbanas em muitas regiões de Inglaterra. A minha esperança é que esta imagem chame a atenção para os impactos negativos do abate de texugos e ajude a mudar as coisas.”

O controverso plano governamental de abate destes animais foi lançado para tentar travar a tuberculose que afecta o gado. Isto porque o Governo britânico decidiu que o abate de texugos ajudaria a controlar a doença, dado que estes animais podem ser transmissores. O abate deverá acabar dentro de cinco anos.

“A imagem de Ian dá-nos um olhar único para a interação da natureza com o mundo humano, salientando a importância de compreendermos a vida selvagem urbana”, comentou Douglas Gurr, director do Museu de História Natural de Londres, entidade que organiza estes prémios. “Esta fotografia lembra-nos que a natureza e a vida selvagem local, muitas vezes mesmo à porta da nossa casa, nos pode inspirar e motivar.”

Este ano, as 25 imagens a concurso para a categoria People’s Choice Award receberam um número recorde de votos com mais de 76.000 pessoas de todo o mundo a votar na sua imagem favorita.

Além da imagem vencedora, quatro fotografias receberam menções honrosas. As cinco fotografias irão estar expostas no Museu de História Natural de Londres e online até 29 de Junho.

Foto: David Northall/Wildlife Photographer of the Year
Foto: Francisco Negroni/Wildlife Photographer of the Year
Foto: Jess Findlay/Wildlife Photographer of the Year
Foto: Michel d’Oultremont/Wildlife Photographer of the Year

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.

Don't Miss