Uma tartaruga marinha comum (Caretta caretta) com cerca de dois anos de idade chegou esta madrugada ao Zoomarine, em Albufeira, vinda do Zoo de Roterdão. Aqui vai terminar a sua reabilitação e ser devolvida ao Oceano Atlântico, ao largo de Portimão, dentro de semanas.
Esta tartaruga-comum, uma das sete espécies de tartarugas marinhas que habitam os oceanos, arrojou nas costas holandesas a 11 de Janeiro deste ano. Pesava 2,1 quilogramas. O caso foi algo surpreendente. “É muito incomum tartarugas marinhas arrojarem tão a Norte e, certamente, em países com águas tão frias”, diz Élio Vicente, biólogo marinho no Zoomarine. O habitual é estas tartarugas ocorrerem nos mares tropicais e subtropicais e também em águas temperadas.
No entanto, acredita-se que este animal, um juvenil, estaria a fazer os habituais deslocamentos migratórios. “É um juvenil e deverá ter à volta de dois ou três anos. Estará na fase dos lost years, que tende a implicar uma extensa e prolongada migração pelo Oceano Atlântico”, acrescentou o biólogo.
Depois de vários meses a recuperar no Zoo de Roterdão, esta tartaruga marinha chegou ontem às 23h45 ao aeroporto Faro, vinda de Roterdão, com uma paragem em Lisboa, graças à ajuda da TAP CARGO, que ofereceu o transporte.
“Correu tudo muito bem”, contou Élio Vicente à Wilder. “Ela foi enviada numa caixa de transporte especial, de madeira, forrada com uma esponja especial para evitar qualquer “embate” e “recheada” com musgo natural, para manter o habitat suave, confortável e permanentemente húmido. A zona de transporte foi mantida entre os 21 e os 23°C.”
Às 02h00, a tartaruga chegou ao centro de reabilitação (Porto d’Abrigo) do Zoomarine, em Albufeira.
Agora, o animal “vai passar por um período de aclimatação, essencialmente, descanso para compensar o eventual stress associado à manipulação, à viagem e ao tempo passado fora de água”, explicou. Além disso, “receberá um reforço da alimentação (peixe, camarões e lulas) e será monitorizada, do ponto de vista comportamental e veterinário, de modo a garantir que poderá voltar ao Oceano (10 milhas náuticas a sul de Portimão) no final de Agosto ou início de Setembro”.
O seu regresso ao Atlântico vai acontecer com a cooperação da Marinha Portuguesa.
Esta é uma espécie Em Perigo, segundo o Livro Vermelho dos Vertebrados de Portugal (2005). Tudo porque teve uma redução do tamanho da população de, pelo menos, 50% nas últimas três gerações.
Em Portugal, a espécie ocorre nas águas dos Açores e da Madeira; são animais juvenis que nasceram nas praias do Sudeste dos Estados Unidos e México. As águas continentais servem de passagem ocasional. O principal factor de ameaça a estas tartarugas, nesta região, é a captura acidental por artes de pesca.