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Tartaruga voa da Holanda para ser devolvida ao mar no Algarve

11.08.2015

Uma tartaruga marinha comum (Caretta caretta) com cerca de dois anos de idade chegou esta madrugada ao Zoomarine, em Albufeira, vinda do Zoo de Roterdão. Aqui vai terminar a sua reabilitação e ser devolvida ao Oceano Atlântico, ao largo de Portimão, dentro de semanas.

 

Esta tartaruga-comum, uma das sete espécies de tartarugas marinhas que habitam os oceanos, arrojou nas costas holandesas a 11 de Janeiro deste ano. Pesava 2,1 quilogramas. O caso foi algo surpreendente. “É muito incomum tartarugas marinhas arrojarem tão a Norte e, certamente, em países com águas tão frias”, diz Élio Vicente, biólogo marinho no Zoomarine. O habitual é estas tartarugas ocorrerem nos mares tropicais e subtropicais e também em águas temperadas.

 

Tartaruga arrojada
Tartaruga arrojada

 

No entanto, acredita-se que este animal, um juvenil, estaria a fazer os habituais deslocamentos migratórios. “É um juvenil e deverá ter à volta de dois ou três anos. Estará na fase dos lost years, que tende a implicar uma extensa e prolongada migração pelo Oceano Atlântico”, acrescentou o biólogo.

Depois de vários meses a recuperar no Zoo de Roterdão, esta tartaruga marinha chegou ontem às 23h45 ao aeroporto Faro, vinda de Roterdão, com uma paragem em Lisboa, graças à ajuda da TAP CARGO, que ofereceu o transporte.

 

Primeiros exames veterinários
Primeiros exames veterinários

 

“Correu tudo muito bem”, contou Élio Vicente à Wilder. “Ela foi enviada numa caixa de transporte especial, de madeira, forrada com uma esponja especial para evitar qualquer “embate” e “recheada” com musgo natural, para manter o habitat suave, confortável e permanentemente húmido. A zona de transporte foi mantida entre os 21 e os 23°C.”

Às 02h00, a tartaruga chegou ao centro de reabilitação (Porto d’Abrigo) do Zoomarine, em Albufeira.

Agora, o animal “vai passar por um período de aclimatação, essencialmente, descanso para compensar o eventual stress associado à manipulação, à viagem e ao tempo passado fora de água”, explicou. Além disso, “receberá um reforço da alimentação (peixe, camarões e lulas) e será monitorizada, do ponto de vista comportamental e veterinário, de modo a garantir que poderá voltar ao Oceano (10 milhas náuticas a sul de Portimão) no final de Agosto ou início de Setembro”.

O seu regresso ao Atlântico vai acontecer com a cooperação da Marinha Portuguesa.

Esta é uma espécie Em Perigo, segundo o Livro Vermelho dos Vertebrados de Portugal (2005). Tudo porque teve uma redução do tamanho da população de, pelo menos, 50% nas últimas três gerações.

Em Portugal, a espécie ocorre nas águas dos Açores e da Madeira; são animais juvenis que nasceram nas praias do Sudeste dos Estados Unidos e México. As águas continentais servem de passagem ocasional. O principal factor de ameaça a estas tartarugas, nesta região, é a captura acidental por artes de pesca.

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.

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