A poucos dias do início da Conferência dos Oceanos da ONU, em Lisboa, a Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves (SPEA) alerta esta quinta-feira para “os perigos de uma implementação precipitada” de turbinas eólicas e outros equipamentos em meio marinho.
Desde logo, a SPEA sublinha que tem uma “posição desfavorável” no que respeita à instalação de torres eólicas e de outros equipamentos ligados às energias renováveis dentro de Áreas Marinhas Protegidas.
“A geração e distribuição de energia proveniente de fontes renováveis, é vista como um caminho viável para o combate às alterações climáticas, mas pode ter consequências prejudiciais para a biodiversidade se for localizada em áreas importantes para a vida selvagem”, afirma esta organização não governamental de ambiente, numa nota de imprensa enviada à Wilder.
A SPEA lembra que as metas para os próximos oito anos, a nível europeu, apontam para a redução de 42% na emissão de gases com efeito de estufa e também para um aumento de 32% na quota de energia renovável face ao consumo final de energia. “É de prever que a expansão das renováveis se dirija cada vez mais para o ambiente marinho, através da instalação de infraestruturas de rede no mar para transportar a energia produzida para terra.”
A questão é que é preciso dar atenção também ao mundo natural e às ameaças que neste momento enfrenta, afirma Joana Andrade, coordenadora do Departamento de Conservação Marinha da SPEA: “A transição energética e o combate às alterações climáticas são urgentes, mas é fundamental que essa urgência não leve a maiores danos ambientais, pois, a par da crise climática, enfrentamos uma crise da biodiversidade.”
Em primeiro lugar, há que ter atenção aos locais escolhidos para a exploração de energia no alto mar, tal como apostar na pesquisa e no desenvolvimento de novas tecnologias que diminuam os impactos sobre o mundo natural.
Por outro lado, a associação portuguesa sugere ainda a cooperação entre os responsáveis de projectos de energia renovável no mar, autoridades portuguesas, investigadores e organizações não governamentais de ambiente, “em processos concertados que prevejam avaliações sobre a sensibilidade e impactos ambientais, ordenamento do espaço marítimo, a pesquisa e a monitorização de forma independente, rigorosa e contínua”.