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Lince-ibérico. Foto: Programa de Conservação Ex-Situ

Soltam um lince-ibérico para unir as populações de Doñana e da Sierra Morena Oriental

28.12.2020

Kot, um lince-ibérico de sete anos, foi libertado no município de Montoro (Córdova) numa tentativa de ligar duas populações desta espécie Em Perigo de extinção: Doñana e Sierra Morena Oriental.

Esta libertação pretende ainda ajudar a evitar a endogamia e a perda da diversidade genética, informou ontem a Consejería de Agricultura, Gado, Pesca e Desenvolvimento Sustentável da Andaluzia, citada pela agência espanhola de notícias EFE.

Kot, que estava há seis anos em liberdade, foi capturado e passou os últimos dois meses no Centro de Reprodução em Cativeiro de La Olivilla, em Jaén, e o objectivo é que deixe de ter a inclinação de regressar ao lugar onde tinha o seu território.

O lince nasceu naquele centro de La Olivilla e cerca de um ano depois foi reintroduzido na natureza, no Vale do rio Guarrizas (Jaén), onde se estabeleceu. Ali teve, pelo menos, três crias com Kalimba, uma fêmea da mesma idade nascida no Centro de Reprodução de Granadilla (na Extremadura), e libertada meses depois.

Hoje, Kot pesa cerca de 17 quilos e a sua reintrodução entre as áreas de Guadalmellato e Cardeña-Montoro pretende contribuir para ligar os dois núcleos consolidados de lince-ibérico na Andaluzia, afastados entre si.

Outros quatro núcleos estão pendentes, no que se refere à sua consolidação: Extremadura espanhola (Matachel), Portugal (Vale do Guadiana) e dois em Castela-La Mancha (Campo de Calatrava e Montes de Toledo).

Além destes está prevista a criação de dois novos núcleos na Sierra Arana (Granada) e Lorca (Múrcia) e será promovida a sua conectividade.

Todos estão integrados no projecto LIFE Lynx Connect, coordenado pela Junta da Andaluzia para aumentar a população de lince-ibérico (Lynx pardinus) no mundo e garantir a ligação entre os núcleos de lince já existentes, para evitar problemas de consanguinidade.

O projecto LIFE Lynx Connect vai apostar em ter pequenas populações-ponte entre os grandes núcleos reprodutores, ligadas através de grandes corredores naturais.

O projecto, que representa um investimento de 18,5 milhões de euros e é o quarto projecto LIFE dedicado à conservação do lince-ibérico, começou este ano e vai prolongar-se até 2025.

O lince-ibérico (Lynx pardinus) é uma espécie classificada Em Perigo de extinção pela Lista Vermelha da União Internacional para a Conservação da Natureza (UICN). Tem este estatuto desde 22 de Junho de 2015, depois de ter estado anos na categoria mais elevada, Criticamente Em Perigo de extinção.

Estima-se que a população mundial de lince-ibérico tenha hoje cerca de 800 animais na natureza, incluindo 135 fêmea reprodutoras.


Saiba mais.

Recorde aqui 12 datas que não devemos esquecer na conservação do lince-ibérico.


Já que está aqui…

Apoie o projecto de jornalismo de natureza da Wilder com o calendário para 2021 dedicado às aves selvagens dos nossos jardins.

Com a ajuda das ilustrações de Marco Nunes Correia, poderá identificar as aves mais comuns nos jardins portugueses. O calendário Wilder de 2021 tem assinalados os dias mais importantes para a natureza e biodiversidade, em Portugal e no mundo. É impresso na vila da Benedita, no centro do país, em papel reciclado.

Marco Nunes Correia é ilustrador científico, especializado no desenho de aves. Tem em mãos dois guias de aves selvagens e é professor de desenho e ilustração.

O calendário pode ser encomendado aqui.

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.

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