Mel espreita viatura. Foto: Técnico/ICNF/LIFE Iberlince

Sete linces-ibéricos reintroduzidos em Portugal para conservar a espécie

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A temporada de soltas de 2021 desta espécie Em Perigo de extinção terminou a 18 de Maio. Sete jovens linces-ibéricos foram libertados no Vale do Guadiana para ajudar a reforçar as populações selvagens, no âmbito de um projecto ibérico de conservação.

Muito da conservação do lince-ibérico (Lynx pardinus) passa por reproduzir animais em cativeiro e libertá-los na natureza. O objectivo é devolver aos territórios históricos uma espécie que chegou a estar quase a extinguir-se em Portugal e Espanha e que se estima viver na Península Ibérica há, pelo menos, 27.000 anos.

Mel espreita viatura. Foto: Técnico/ICNF/LIFE Iberlince

Este ano, a temporada de soltas em Portugal começou a 10 de Fevereiro e terminou a 18 de Maio. Ao todo foram reintroduzidos na natureza sete linces-ibéricos, disse à Wilder o Instituto de Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF).

Destes sete linces, três são fêmeas e quatro são machos. Todos nasceram na Primavera do ano passado em três dos centros de reprodução dedicados a este felino que estão a trabalhar para conservar a espécie em Portugal e Espanha.

Dois machos vieram do Centro de Reprodução de El Acebuche, em Doñana (Espanha), três fêmeas vieram do Centro de Reprodução de La Olivilla (Espanha) e dois machos vieram de mais perto, do Centro Nacional de Reprodução do Lince-ibérico (CNRLI), em Silves.

Todos os linces foram soltos no Vale do Guadiana, concelho de Mértola.

Actuamente existem no nosso país, pelo menos, três núcleos com fêmeas territoriais reprodutoras, segundo o ICNF. Estes núcleos estão dispersos pelos concelhos de Mértola, Serpa e Alcoutim. A maioria está no concelho de Mértola.

Pelo menos 18 crias nasceram este ano na natureza no nosso país

Em 2020 nasceram pelo menos 60 crias de lince-ibérico na natureza em Portugal.

Cria de lince-ibérico. Foto: Programa ibérico de Conservação Ex-Situ

Por enquanto ainda não há dados seguros e definitivos sobre quantas crias nasceram ou nascerão ainda nesta Primavera.

“Até ao momento, o ICNF já dispõe de informação segura sobre o nascimento de 18 crias. Mas muitas outras terão nascido, sendo ainda prematuro fornecer uma quantificação ainda que aproximada”, explicou à Wilder o instituto responsável pela conservação da natureza em Portugal.

“Largas dezenas de máquinas de foto-armadilhagem” terão de ser recolhidas, descarregadas, processadas e recolocadas noutros locais, num território que abrange 500 quilómetros quadrados, desde Serpa (ao Norte) até Alcoutim (ao Sul).

“A recolha de informação decorrerá ainda durante os próximos dois a três meses, pelo menos, sendo previsível que mesmo ulteriormente possam surgir novos dados.”

Lince-ibérico. Foto: Programa de Conservação Ex-Situ

A população do Vale do Guadiana começou a ser criada em 2014, no âmbito do projeto ibérico LIFE+Iberlince.

A 5 de Maio de 2016, o ICNF confirmava a primeira ninhada a nascer na natureza em Portugal, no Vale do Guadiana, mais concretamente na Herdade das Romeiras. “Foi fotografada uma cria de cerca de 45 dias acompanhando a sua progenitora, Jacarandá, a primeira fêmea a ser solta em Portugal no dia 16 de Dezembro de 2014″, anunciou, então, o ICNF.

Hoje existirão, pelo menos, 894 linces-ibéricos no mundo (apenas em Portugal e Espanha), de acordo com o último censo dedicado à espécie. Desses, 107 viviam no Vale do Guadiana.

Graças aos projectos ibéricos de conservação da natureza, a população mundial de lince-ibérico conseguiu aumentar para 894 em 2019, partindo de apenas 94 linces em 2002, isolados em duas populações fragmentadas na Andaluzia.

O lince-ibérico é uma espécie classificada desde 22 de Junho de 2015 como Em Perigo de extinção, depois de anos na categoria mais elevada atribuída pela União Internacional para a Conservação da Natureza (UICN), Criticamente em Perigo.

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.

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