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abelha europeia em cima de uma flor
Abelha-do-mel. Foto: Arturo Mann / Wiki Commons

Saiba quais são os melhores refúgios das abelhas na cidade

15.01.2019

Cientistas compararam a presença de abelhas e de outros polinizadores em quatro cidades do Reino Unido, ao longo de dois anos. Descobriram quais são os espaços e as plantas mais importantes para ajudar a travar o declínio destes insectos.

 

Hortas urbanas e jardins domésticos foram identificados como os melhores refúgios para os insectos polinizadores, num artigo científico agora publicado na revista Nature Ecology and Evolution. A equipa apontou também algumas das plantas mais favoritas, incluindo algumas conhecidas como ervas daninhas.

O estudo em causa realizou-se ao longo de 2012 e de 2013, nas cidades de Bristol, Reading, Leeds e Edimburgo, e comparou a presença de plantas e de insectos em nove diferentes usos da terra: hortas urbanas, cemitérios, jardins domésticos, superfícies construídas pelos humanos (como parques de estacionamento), parques públicos, passeios, reservas naturais, bermas de estrada e outros espaços verdes.

Foram recolhidos 4.996 insectos, nestas quatro cidades, durante os dois anos da investigação.

Principal conclusão? “As hortas urbanas são lugares particularmente bons [para os insectos polinizadores] dentro das cidades, apesar da área reduzida que ocupam”, disse ao The Guardian a investigadora que liderou o estudo, Katherine Baldock, da Universidade de Bristol. Esses pequenos espaços oferecem uma boa mistura de flores de frutos e de vegetais, além de plantas nativas.

 

espaço de hortas urbanas
Hortas urbanas. Foto: JefVanStaeyen/Wiki Commons

 

“Hortas urbanas e jardins domésticos têm a maior abundância de abelhas e de moscas-das-flores (insectos da família Syrphidae), enquanto as superfícies construídas por humanos – como parques de estacionamento – têm as menores”, notam os autores do estudo, no artigo publicado. “A maior abundância de flores e a riqueza observada em jardins e hortas urbanas é provavelmente um dos motores da maior abundância de polinizadores nestes usos da terra”, notam.

Mesmo outros locais, como cemitérios e reservas naturais urbanas, tinham dez vezes menos polinizadores do que os primeiros. No caso da menor importância das reservas naturais urbanas, pode ter a ver com uma maior presença de árvores em detrimento de plantas mais rasteiras, explicou por sua vez Katherine Baldock.

 

E as plantas mais atraentes?

Cardo-das-vinhas (Cirsium arvense), ranúnculo-rasteiro (Ranunculus repens), branca-ursina (Heracleum sphondylium), diferentes espécies de dentes-de-leão (Taraxacum sp.) e borragem – todas espécies nativas em Portugal – destacam-se pela forma como atraem os polinizadores, concluíram os cientistas. Em contrapartida, as hortênsias e os miosótis mostraram ser as plantas menos procuradas.

 

cardo das vinhas, com flor
Cardo-das-vinhas (Cirsium arvense). Foto: Miguel Porto/Flora-On

 

Tanto o cardo-das-vinhas como os dentes-de-leão “são ervas daninhas comuns nas cidades que se situam alto na lista de fornecedores de néctar e pólen aos visitantes das flores”, sublinham.

A presença destes insectos em bairros onde o poder económico é maior foi outra das conclusões, ligada à maior diversidade de flores. “Isso é consistente com o chamado ‘efeito luxo’, em que o estatuto sócio-económico está muitas vezes relacionado de forma positiva com a biodiversidade urbana.”

Por outro lado, os investigadores recomendam maior atenção das autoridades municipais aos parques urbanos e a outros espaços públicos das cidades.

“Parques, bermas de estradas e outros espaços verdes públicos perfazem cerca de um terço das cidades, mas têm menos visitas de polinizadores e recursos para os mesmos do que outras formas de uso da terra”, indicam. “Aumentar o número de flores, por exemplo ao cortar menos vezes os relvados, pode ajudar os polinizadores urbanos”.

Outra recomendação? Impulsionar o crescimento de hortas urbanas em vilas e cidades. “Aumentar a área que ocupam, mesmo em pequena quantidade, pode ter um efeito largamente positivo.”

 

[divider type=”thin”]Saiba mais.

Recorde o que pode fazer para ajudar os insectos polinizadores e porquê, neste artigo da Wilder.

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Inês Sequeira

Foi com a vontade de decifrar o que me rodeia e de “traduzir” o mundo que me formei como jornalista e que estou, desde 2022, a fazer um mestrado em Comunicação de Ciência pela Universidade Nova. Comecei a trabalhar em 1998 na secção de Economia do jornal Público, onde estive 14 anos. Fui também colaboradora do Jornal de Negócios e da Lusa. Juntamente com a Helena Geraldes e a Joana Bourgard, ajudei em 2015 a fundar a Wilder, onde finalmente me sinto como “peixe na água”. Aqui escrevo sobre plantas, animais, espécies comuns e raras, descobertas científicas, projectos de conservação, políticas ambientais e pessoas apaixonadas por natureza. Aprendo e partilho algo novo todos os dias.

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