Rui Simão

Rui Simão e os fungos, “seres absolutamante fantásticos”

Embaixadores por Natureza
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Na nossa mini série que lhe apresenta os peritos que, nos bastidores, identificam as centenas de espécies que os nossos leitores nos enviam, perguntámos ao engenheiro biofísico Rui Simão porque se interessa tanto por fungos.

Rui Simão, 49 anos, é apaixonado pela micologia e dedicou-se a estes seres que considera tão peculiares. “São uns seres absolutamente fantásticos, com enormes potencialidades.” 

WILDER: Que idade tem, qual é a sua ocupação profissional e em que está a trabalhar neste momento?

Rui Simão: Tenho 49 anos, sou engenheiro biofísico. Trabalho na Câmara Municipal de Lisboa e coordeno a Divisão de Manutenção de Espaços Verdes.

W: Porque é que se dedicou a este grupo de espécies?

Rui Simão: Decorre da minha formação académica, como engenheiro biofísico. Formei-me em Évora e iniciei a minha atividade profissional na área da fitossociologia, no âmbito de trabalhos em ordenamento do território. 

W: Como é que começou?

Rui Simão: A paixão pela micologia ingressou na minha vida por esta via, uma vez que tinha muito trabalho de campo e os cogumelos começaram a despertar o meu interesse por serem uns seres muito peculiares, que estavam no meio da vegetação que eu estudava. Qual a relação entre ambos? Porquê nesse local? Todas estas questões foram crescendo na minha cabeça e levaram-me a procurar mais informação e a estudar e frequentar ações de formação e integrar grupos, para aprender mais.

W: O que o fascina mais nos fungos e cogumelos?

Rui Simão: Tudo. São uns seres absolutamante fantásticos, com enormes potencialidades. Estão associados à História do Homem em quase todos os momentos e por diversas razões, tanto no campo da medicina, como no campo da fantasia/magia, da biotecnologia, da biologia, da gastronomia, da religião, etc. São fundamentais para a vitalidade das florestas e, por outro lado, são os inimigos públicos da agricultura em algumas situações.

W: Quais são os principais desafios quando está a identificar espécies?

Rui Simão: Essencialmente, e presentemente, a rápida evolução da Ciência no campo da biologia molecular. Neste momento a nomenclatura taxonómica está em constante mutação e é dificil acompanhar estas mudanças, uma vez que a informação ainda é escassa. No nosso país, por exemplo, ainda há poucos trabalhos na área da micologia que nos indiquem o estado da arte quanto ao nosso património micológico. 

W: Como tem sido participar no “Que Espécie é Esta?” 

Rui Simão: Tem sido muito desafiante e positivo. A pedagogia é uma forma de educar e de criar sinergias para que mais e mais pessoas se interessem por esta matéria e pela conservação dos fungos, mas especialmente da natureza. Os tempos atuais exigem que haja essa preocupação e mobilização. Através desta participação deixamos o nosso pequeno contributo.


Embaixadores por Natureza é uma mini série da Wilder dedicada à rede de especialistas que, desde 2017, são o coração do “Que Espécie É Esta?”. É o nosso reconhecimento e obrigado a tantas horas passadas a olhar com carinho, e de forma voluntária, para “os nossos” bichos e plantas. E a dar-lhes um nome. Sai todos os dias, de 1 a 18 de Agosto.

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.

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