Um novo estudo realizado no mar das Caraíbas concluiu que as pequenas larvas que dão origem aos corais adaptam-se mais facilmente a ambientes degradados quando ouvem sons de um oceano saudável.
Uma equipa de seis investigadores liderada pela Woods Hole Oceanographic Institution, dos Estados Unidos, conseguiu reanimar a vida marinha em corais que estavam em perigo, reproduzindo os sons ambiente de outros corais em estado saudável através de megafones subaquáticos. Hoje em dia, perderam-se já por todo o mundo grandes quantidades de recifes de coral, formados por colónias destes animais invertebrados marinhos.
“Esperamos que este resultado possa ser algo que, combinado com outros esforços, ajude a repor as coisas boas nos recifes”, afirmou Nadège Aoki, investigadora da Woods Hole Oceanographic Institution, citada numa notícia do The Guardian. “Pode-se deixar um megafone durante algum tempo, que atraia não só larvas de coral mas também peixes de volta”, sugeriu ainda a primeira autora do artigo, publicado na revista científica Royal Society Open Science.
No texto publicado, a equipa lembra que os recifes de coral são “centros de biodiversidade” e estão entre “os habitats mais ameaçados do mundo”. Em corais saudáveis, podem ouvir-se muitos sons produzidos por peixes e invertebrados marinhos, que ajudam as larvas de coral a estabelecerem-se nesses locais, ajudando a que se mantenham de boa saúde. Todavia, como esses sons são muito menores num recife degradado, as larvas têm dificuldades em ali ficar, não dando assim um passo essencial para a revitalização desses ambientes, acreditam estes cientistas.
Ao longo de três noites e recorrendo a um sistema de som subaquático, foram realizadas experiências junto às Ilhas Virgens, no mar das Caraíbas, analisando o comportamento de larvas de coral em recifes degradados, expostas a sons de recifes saudáveis que tinham sido gravados ao longo de uma década. Os investigadores avaliaram também o comportamento de larvas da mesma espécie noutros dois locais, onde os sons reproduzidos eram diferentes.
No final, os resultados mostraram que as larvas de coral se estabeleceram 1,7 vezes mais no primeiro local e que o efeito se mantinha mesmo a 30 metros de distância, embora enfraquecesse quanto mais longe estavam das fontes sonoras.
Embora os resultados sejam interessantes, Nadège Aoki avisa que é necessário cuidado. “Temos de pensar bem sobre a aplicação desta tecnologia”, afirmou ao jornal britânico. “Não queremos encorajar os corais a estabelecerem-se onde irão morrer. Tem de ser um esforço multifacetado com os passos necessários que assegurem a sobrevivência desses corais e o seu crescimento ao longo do tempo.”
Saiba mais.
Como se forma um recife?
Quando nascem, as minúsculas larvas de coral vogam livremente na coluna de água, acabando por se estabelecer no chão do oceano e transformando-se em pólipos. Os recifes formam-se a partir de espécies coloniais destes invertebrados marinhos, que se juntam em grandes conjuntos de milhões de pólipos geneticamente semelhantes.
No caso das espécies que dão origem aos recifes, cada um desses pólipos, com poucos milímetros ou centímetros de diâmetro, segrega também uma substância composta por carbonato de cálcio, que irá formar o exoesqueleto que costuma ser característico destes ambientes.