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Solta de lince-ibérico no Vale do Guadiana, em Fevereiro de 2019. Foto: ICNF

Reintrodução do lince em Portugal avança com nova solta de dois animais

21.02.2019

Duas fêmeas de lince-ibérico foram libertadas hoje em Mértola, para reforçar a população portuguesa da espécie Em Perigo de extinção. A partir de hoje há uma nova exposição que mostra o regresso do lince.

 

As duas fêmeas têm cerca de 11 meses de idade. Uma nasceu no Centro Nacional de Reprodução do Lince-ibérico (CNRLI), em Silves, e a outra no Centro La Granadilla, em Espanha.

A solta aconteceu na Herdade da Bombeira, no concelho de Mértola.

“Este reforço populacional regular que tem acontecido ao longo dos quatro anos de reintrodução, tem como objetivo restabelecer uma população selvagem autónoma, garantindo também uma diversidade genética adequada”, explica o Instituto para a Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF), em comunicado.

 

Momento da libertação. Foto: ICNF

 

Na segunda-feira passada, dia 18 de Fevereiro, já tinham sido libertados outros dois linces, Pirata e Piperita. Estes dois irmãos vieram do Centro de Reprodução em cativeiro El Acebuche (em Doñana, Andaluzia).

Após a libertação dos linces foi hoje inaugurada a exposição “Partilhando territórios: o regresso do lince”, apresentada pelo ICNF e que contou com a presença da Secretária de Estado do Ordenamento do Território e da Conservação da Natureza, Célia Ramos. A mostra ficará em exibição ao público na sede do Parque Natural do Vale do Guadiana.

De acordo com o ICNF, esta exposição retrata a “coexistência entre o lince-ibérico e os humanos, no passado e no presente”.

Numa série de imagens e textos, os visitantes podem ficar a conhecer a história da espécie, a preparação da reintrodução, a actual distribuição dos animais fundadores e os encontros dos que vivem, trabalham ou visitam o concelho de Mértola com os mesmos.

 

Foto: Programa de Conservación Ex-situ del Lince Ibérico

 

Algumas imagens inéditas das libertações e dos bastidores dos preparativos técnicos ficam agora disponíveis, numa aplicação multimédia bilingue.

As reintroduções de linces na natureza, vindos da rede dos centros de reprodução em Portugal e Espanha, começaram no nosso país em 2015. No ano passado nasceram 29 crias na natureza em Portugal.

O projecto de conservação do lince-ibérico, o LIFE Iberlince (2011 – 2018) terminou em Dezembro passado. Portugal e Espanha já foi apresentaram à União Europeia a candidatura ao novo programa LIFE, “que permitirá consolidar os objectivos da reintrodução e da presença de lince como espécie de topo e peça de equilíbrio dos ecossistemas mediterrâneos”, segundo o ICNF.

O lince-ibérico tem tido uma história atribulada. No século XIX a população mundial da espécie estava estimada em cerca de 100.000 animais, distribuídos por Portugal e Espanha. Mas no início do século XXI restavam menos de 100. Então, os dois países juntaram-se para recuperar habitats e reproduzir animais.

Actualmente, a população mundial de lince-ibérico está estimada em 589 animais (448 dos quais na Andaluzia), de acordo com os dados do censo de 2017. O censo de 2018 está neste momento em curso. Mas, de acordo com os dados provisórios fornecidos à EuropaPress pelo Ministério espanhol para a Transição Ecológica, em 2018 terão nascido 125 linces; o número total de linces deverá subir até aos 650 indivíduos.

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.

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