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Abutre-preto. Foto: Alejandro Sanz

Registados 694 casais de abutre-preto em Castela-Leão em 2023

27.08.2024

A Junta de Castela e Leão divulgou recentemente os resultados do censo de 2023 ao abutre-preto e deu conta de que existiam então 694 casais, um aumento de 5% em relação ao ano anterior.

O abutre-preto (Aegypius monachus), classificado como Em Perigo de extinção em Portugal, é a maior ave de rapina da Europa, podendo atingir os três metros de envergadura de asa. 

Recentemente, a Junta de Castela e Leão, em Espanha, divulgou os resultados do censo à espécie realizado em 2023. Todos os anos são visitadas as colónias desta ave naquela Comunidade, distribuídas pelas serras de Gredos e Ávila, Guadarrama, Gata e Francia e La Demanda nas províncias de Ávila, Segovia, Salamanca e Burgos, respectivamente.

Durante a temporada reprodutora de 2023 foram registados 694 casais repartidos em sete núcleos populacionais. Entre estes, merece destaque o maciço oriental de Gredos, onde foram detectados 231 casais, e a serra de Guadarrama, com 205 casais.

O período de reprodução desta espécie estende-se por mais de seis meses e é em Fevereiro que os técnicos e especialistas começam a fazer as visitas às colónias de reprodução onde contabilizam, um a um, os ninhos ocupados por casais de abutre-preto. Ao longo de toda a Primavera fazem-se visitas periódicas para comprovar a evolução da reprodução e no início do Verão, para saber se há crias.

A Junta de Castela e Leão avança que a sua província com maior população de abutre-preto é Ávila, com 323 casais, seguida de Segóvia, com 204, Salamanca, com 145 e Burgos, com 22.

A população de abutre-preto de Burgos é o resultado de um projecto de reintrodução realizado desde 2017 na serra da Demanda pela organização GREFA. O objectivo é recuperar uma população que terá desaparecido no início do século XX.

Desde há cerca de uma década, vários casais instalaram-se na margem portuguesa do rio Douro, na zona de Arribes del Duero.

Os valores de produtividade atingiram o máximo histórico na temporada de 2023 com 0,69 crias por casal. Isto supõe que o número de crias que sobreviveram foi de 466, um aumento em relação às 400 de 2022.

De acordo com a Junta, “as Zonas de Protecção Especial para as Aves (ZEPA) continuam a ser cruciais para esta espécie, dado que 89% dos casais detectados encontram-se dentro de algum destes espaços protegidos”.

Em Espanha, o abutre-preto é considerada espécie Vulnerável. A Junta de Castela e Leão tem várias medidas de conservação activa no terreno, entre elas a correcção de linhas eléctricas para evitar a colisão das aves com estas infra-estruturas, a aplicação do Plano de Acção para a erradicação do uso ilegal de iscos envenenados no meio natural e o desenvolvimento de Zonas de Protecção para a Alimentação de Espécies Necrófagas de Interesse Comunitário que permitem o abandono de cadáveres de animais no campo, respeitando certas condições.

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.

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