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Quatro comunidades espanholas avançam com protocolo sobre o urso-pardo

06.02.2017

Cantábria, Castela e Leão, Astúrias e Galiza querem acabar com o improviso das intervenções perante encontros entre ursos-pardos e pessoas. Estas quatro comunidades juntaram-se e fizeram o primeiro protocolo para o urso-pardo, para evitar conflitos e incidentes e ajudar animais e seres humanos.

 

O objectivo deste documento – que será levado agora ao Ministério do Ambiente espanhol para ser adoptado e, eventualmente, aplicado em outras zonas com ursos – é garantir a segurança das pessoas e a conservação da espécie (Ursus arctos), Em Perigo de Extinção no Sul da Europa.

Nos últimos anos, a população de ursos recuperou e tem vindo a aumentar. Estima-se que existam 250 ursos na Cordilheira Cantábrica. E também está a aumentar o número de turistas que visitam a região na esperança de um vislumbre deste animal.

Segundo Guillermo Palomero, presidente da Fundação espanhola Urso Pardo, os ursos sempre se aproximaram de povoações, “com descrição e à noite”, sobretudo à procura de comida. À agência de notícias espanhola EFE advertiu que o problema são os ursos que se aproximam “descaradamente” e não fogem mesmo que haja pessoas. Sem protocolo, tem-se actuado “no improviso” mas, insistiu, a chave é “fazê-lo de forma regulada”.

E é aqui que entra este protocolo, desenvolvido por aquelas quatro comunidades autonómicas, à luz dos planos de recuperação do urso-pardo e da estratégia para a sua conservação.

O documento estabelece a criação de equipas específicas de intervenção em cada comunidade, com pessoal técnico, guardas e veterinários. Estas equipas estarão dotadas de material anestésico, de captura, transporte e maneio.

Além disso, o protocolo estipula as formas de actuar consoante os vários comportamentos dos ursos. É preciso actuar de formas diferentes, se os animais estiverem feridos, doentes, presos em armadilhas ou se forem crias abandonadas; se se tratam de ursos que, de maneira reiterada, se aproximam de zonas habitadas à procura de alimento; se são agressivos e perigosos e se podem criar conflito com pessoas.

Há animais que precisam ser dissuadidos para que se afastem de uma zona, outros precisam ser capturados e afastados e outros ainda que têm de ser transferidos para um centro veterinário ou de recuperação de fauna ou libertados na natureza.

Um protocolo deste tipo era uma velha aspiração de organizações como a Fundação Urso Pardo. Palomero diz que esta é uma “boa notícia” e espera que veja a luz verde em breve. “Estamos há anos a pedi-lo”, disse à EFE. Palomero lembrou que na Estratégia de Conservação do Urso, de final dos anos 80, já constava a necessidade de elaborar normas de intervenção deste tipo.

Faz amanhã um mês que foi encontrado um cadáver de um urso-pardo no Parque Natural de Fuentes del Narcea, Degaña e Ibias, nas Astúrias. Quatro meses antes, em Setembro do ano passado, um macho adulto tinha sido abatido a tiro na mesma área protegida.

A Fundação Urso Pardo e a organização FAPAS mostraram-se preocupadas e pediram que os crimes não fiquem impunes.

 

[divider type=”thick”]Saiba mais sobre o urso-pardo.

O urso-pardo mede entre metro e meio e dois metros. Os machos podem pesar entre 80 e 240 quilos e as fêmeas entre 65 e 170 quilos.

A população mundial de urso-pardo está estimada em cerca de 200.000 animais. A Rússia tem as maiores populações (estimadas em 120.000 ursos), seguida dos Estados Unidos (32.200, dos quais 31.000 no Alasca) e Canadá (25.000). Há ainda ursos na China e no Japão.

Na Europa, excluindo a Rússia, calcula-se que existam cerca de 14.000 ursos. No Sul da Europa, esta é uma espécie em perigo de extinção, com populações pequenas na Grécia, Cordilheira Cantábrica, Abruzzo, Trentino e Pirinéus.

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.

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