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Equipa SeaTheFuture. Foto: SeaTheFuture

Portugueses criaram plataforma internacional para ajudar a conservar oceanos

03.11.2023

Chama-se SeaTheFuture, é feita por oito portugueses e tem a ambição de captar financiamento de pessoas de todo o mundo para projectos de conservação criteriosamente seleccionados. Saiba como funciona e como pode participar.

Dezenas de pessoas espalhadas pelo mundo estão a trabalhar arduamente para travar o desaparecimento de tartarugas, focas, golfinhos, tubarões, mangais e corais. Estão na linha da frente de uma batalha contra a perda da biodiversidade, uma das maiores crises que afecta o nosso planeta.

Oceanos. Foto: Mobibit/Pixabay

Mas precisam de ajuda. Têm falta de dinheiro mas também de hidrofones subaquáticos, câmaras timelapse de monitorização, equipamentos para vigiar cavernas de focas e de meios para fazer jardinagem de corais.

“Há inúmeros projetos de conservação em todo o mundo, fundamentais para um oceano saudável e cheio de vida, que se debatem com frequentes constrangimentos sendo, o maior de todos, a falta de financiamento”, explicou à Wilder Assunção Loureiro, managing director da SeaTheFuture, um spin-off do Oceanário de Lisboa.

Na verdade, lembrou, a conservação do Oceano e da sua biodiversidade (ODS 14) – um dos 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável estabelecidos pelas Nações Unidas em 2015 – “é uma das causas com menor apoio financeiro”.

Assim, esta start-up criou uma solução global de crowdsaving para, através de uma plataforma online, permitir a pessoas, entidades e empresas apoiarem e viabilizarem financeiramente projetos de conservação seleccionados pela SeaTheFuture, de forma simples e transparente. 

Equipa SeaTheFuture. Foto: SeaTheFuture

O grande objectivo é “acelerar a conservação dos oceanos”.

Na plataforma SeaTheFuture podemos encontrar os projectos a apoiar – cada um com a sua história contada através de meios multimédia e partilhada nas redes sociais e site – e informações sobre todo o processo. Quem quiser pode participar através de donativos ou da aquisição de produtos sustentáveis (t-shirts e sweatshirts).

Actualmente são oito os projectos na plataforma SeaTheFuture: SWORD Indian Ocean Humpbakc Dolphins (projecto da Sea Search na África do Sul para conservar golfinhos-corcunda); Le Pétrels (projecto da SEOR na ilha da Reunião para conservar petréis, aves marinhas em perigo); Programa Tatô (projecto da Associação programa Tatô em São Tomé e Príncipe para conservar tartarugas marinhas); Plan Bem for Mangroves (projecto da FoProBim no Haiti para salvar os mangais vermelhos e negros); Galapagos Whale Shark Project (do Projecto Tubarões-baleia das Galápagos nas ilhas Galápagos para conservar tubarões-baleia); Mediterranean Monk Seals (da Akdeniz Koruma Dernegi na Turquia para conservara única foca nativa do Mediterrâneo); o SharkCam (da Marine Research Foundation na Malásia para reduzir a captura acidental de tubarões e raias) e o Coral Connect (da Fundacíon Malpelo y Otros Ecosistemas Marinos na Colômbia para restaurar corais).

A plataforma promove o rastreio de todos os fundos angariados até ao seu destino final, garantindo a sua canalização para o propósito inicial. “A SeaTheFuture, em estreita colaboração com os projetos que apoia, monitoriza e comunica a evolução das diferentes campanhas em curso, permitindo o acompanhamento dos resultados de todos os esforços de conservação”, segundo um comunicado da empresa. 

“Acreditamos que através da plataforma e formatos de divulgação com base social – as redes – podemos apoiar o despertar de muitos para o oceano”, acrescentou Assunção Loureiro.

Foto: Pexels/Pixabay

Por enquanto ainda não existem projectos em Portugal. “Temos o objectivo de incluir projectos por todo o mundo e, naturalmente, uma vontade especial de o fazer em Portugal. Mas temos um processo que pauta a selecção das iniciativas que apoiamos, assegurando transparência e rigor”, acrescentou Assunção Loureiro.

“O grande contributo que acreditamos que o SeaTheFuture pode ter é o de ser catalisador da ação de muitos e, através da rigorosa seleção dos projetos que apoia, o de maximizar o impacto de cada euro angariado.”  


Leia aqui a entrevista a Assunção Loureiro.

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.

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