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Lince-ibérico, cria. Foto: Programa Ex-situ (arquivo)

População mundial de lince-ibérico terá agora 440 animais

09.01.2017

Já são conhecidos os resultados provisórios do censo mundial de lince-ibérico de 2016. As autoridades estimam que a população terá aumentado em 36 animais, passando de 404 em 2015 para 440 no ano passado.

 

O número foi avançado na sexta-feira passada pelo projecto LIFE Iberlince. “A Junta de Andaluzia, como sócio coordenador do Projecto, indicou que ainda não terminou o censo definitivo de 2016 mas prevê um novo aumento para cerca de 440 indivíduos”, escreve em comunicado.

Os esforços para recuperar as populações de lince-ibérico (Lynx pardinus), nos matagais mediterrânicos e na rede de centros de reprodução em cativeiro, têm permitido nos últimos anos um aumento do número de animais na natureza. Em 2014 eram 327; em 2015 o número subiu para 404 e em 2016 prevê-se 440.

O grande objectivo é recuperar a distribuição histórica de uma espécie que se estima viver na Península Ibérica há, pelo menos, 27.000 anos.

O censo anterior, cujos dados foram revelados no início de Abril de 2016, dava conta da existência de nove núcleos em Espanha e em Portugal. A maior população fica na Andaluzia. É a de Andújar-Cardeña (176 linces), seguida pela população de Doñana-Aljarafe (76).

Em 2009 começaram as libertações de linces em outros locais, com a missão de criar novos núcleos populacionais. “Estima-se que as populações das áreas de reintrodução deverão aumentar”, acrescenta o Iberlince. “Em 2015 em todas elas – Montes de Toledo, Sul de Badajoz, Serra Morena Oriental e Portugal – nasceram crias. A população que mais cresceu esse ano foi a de Montes de Toledo, com 14 crias. Acrescentando a estas as crias nascidas nas duas áreas andaluzas de Guarrizas e Gaudalmellato, este será o melhor censo possível para uma espécie que esteve em perigo crítico de extinção.”

O lince-ibérico é uma espécie classificada desde 22 de Junho de 2015 como Em Perigo de extinção, depois de anos na categoria mais elevada atribuída pela União Internacional para a Conservação da Natureza (UICN), Criticamente em Perigo.

Em 2017 serão reintroduzidos na natureza um total de 40 linces, oito dos quais no Vale do Guadiana (Mértola), quatro machos e quatro fêmeas. Estas reintroduções vão começar em Janeiro ou Fevereiro. Além disso, serão estudadas novas zonas de reintrodução, uma na Extremadura espanhola e outra em Granada.

Para este ano, os parceiros do Iberlince vão tentar consolidar as novas populações e trabalhar para as ligar entre si e com as populações estáveis da Andaluzia. Na lista de coisas a fazer estará tentar resolver a situação dos coelhos-bravos (a presa preferida do lince) que sofrem de mais um surto de febre hemorrágica viral. Segundo o Iberlince, esta é uma questão “sem solução neste momento. Esta doença continua a controlar o crescimento das populações de coelho”.

[divider type=”thick”]Saiba mais.

Saiba como é cuidar dos linces no Vale do Guadiana e quantos linces nascidos em Silves já foram pais na natureza.

Leia a nossa série “Como nasce um lince-ibérico” e conheça os veterinários, video-vigilantes, tratadores e restante equipa do Centro Nacional de Reprodução (CNRLI) em Silves.

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.

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