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Grous-comuns com 18 meses de idade e seis meses de idade libertados na zona de Somerset Levels and Moors. Foto: RSPB

População de grou-comum atinge níveis recorde no Reino Unido

22.04.2020

O mais recente censo ao grou-comum no Reino Unido revelou um número recorde de 56 casais em 2019, elevando o total da população a 200 aves, revelou hoje a organização RSPB. O número mais elevado em 400 anos.

 

O grou-comum (Grus grus) extinguiu-se no Reino Unido há cerca de 400 anos, por causa da caça e do declínio das zonas húmidas das quais dependia. Tempos houve em que tinha sido uma ave bastante comum.

Mas, graças a esforços de conservação – incluindo um programa de reintrodução – e à recolonização natural de alguns indivíduos, estas aves graciosas estão a regressar àquele país.

Agora, os seus números atingiram novos recordes.

 

Casal reprodutor de grou-comum na reserva da RSPB em Lakenheath Fen, Suffolk, em 2007. Foto: Andy Hay/RSPB

 

A história deste regresso começou em 1979 quando um pequeno número de grous selvagens voltaram a Norfolk. Depressa grupos de conservação começaram a trabalhar para encorajar o regresso de mais e mais destas aves.

Hoje, esta espécie distribui-se por outras regiões do Reino Unido, beneficiando de melhores habitats, geridos a pensar nela por organizações como a RSPB (Royal Society for the Protection of Birds) e a Natural England.

Os grous acabaram por recolonizar a Escócia m 2012 e o País de Gales em 2016.

Em 2010, a iniciativa Great Crane Project juntou-se a este esforço conservacionista. O objectivo do projecto é criar e melhorar o habitat desta ave e preparar jovens aves para serem libertadas na zona de Somerset Levels and Moors, uma das maiores zonas húmidas de Inglaterra.

 

Grous-comuns com 18 meses de idade e seis meses de idade libertados na zona de Somerset Levels and Moors. Foto: Nick Upton/RSPB

 

“Todo este esforço de conservação deu frutos impressionantes, com 56 casais registados por todo o Reino Unido no ano passado”, escreve a RSPB em comunicado enviado hoje à Wilder.

Destes 56 casais, 47 tentaram reproduzir-se e conseguiram 26 crias.

A população total está estimada em mais de 200 aves, um novo recorde. Segundo a RSPB, pelo menos 85% da população reprodutora está em áreas protegidas.

“O aumento do número de grous nos últimos anos só mostra o quão resiliente pode ser a natureza, se lhe derem uma oportunidade”, comentou Damon Bridge, responsável pelo Grupo de Trabalho britânico para o Grou. “Ainda não estão livres de perigo, mas o aumento contínuo da sua população, ano após ano, é um sinal muito positivo.”

 

Cria de grou-comum com três semanas de vida, em Slimbridge, Gloucestershire, em Julho. Foto: Nick Upton/RSPB

 

Para Geoff Hilton, “a reintrodução de espécies desaparecidas deve ser apoiada por uma boa gestão do habitat para que a recuperação funcione”.

“O sucesso deste projecto até à data demonstra o que podemos conseguir, num curto espaço de tempo, se dermos uma ajuda à natureza.”

Em Portugal, esta é uma espécie extinta enquanto residente. Ainda assim, todos os Invernos, o país – mais concretamente o Alentejo – recebe os grous vindos do Norte da Europa. Esta população invernante está classificada como Vulnerável.

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.

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