Equipa de investigadores portugueses está a preparar a nova ferramenta, disponível na Internet, para identificar também a planta invasora elódea.
O jacinto-de-água (Eichhornia crassipes), também chamado de jacinto-aquático, é uma planta aquática originária da Amazónia que se tem espalhado nos rios e lagoas de grande parte de Portugal, dando muitas dores de cabeça a quem lida com esta invasora.
Mas agora, existe uma nova ferramenta que ajuda a dar luta a esta “praga verde”, a partir de imagens de satélite e técnicas avançadas de detecção remota. Baptizada de Sinvaqua e lançada recentemente, esta plataforma nasceu de uma colaboração entre o Centro de Investigação em Biodiversidade e Recursos Genéticos da Universidade do Porto (BIOPOLIS/CIBIO-InBIO) e o Instituto Politécnico de Viana do Castelo (IPVC). É de livre utilização e tem um manual online que explica como funciona.
Joaquim Alonso, investigador do IPVC, considera que o Sinvaqua é uma ferramenta “inovadora e única a nível nacional e europeu, uma vez que permite detetar as espécies-alvo nos cursos de água, de uma forma pioneira, através da análise de imagens de satélite frequentemente actualizadas”.
Nesta primeira fase, o sistema “permite localizar e identificar jacinto-de-água”, mas até ao final do Verão “mostrará a possibilidade de trabalhar com a elódea (Egeria densa) também”, adiantam Joana Vicente e Sofia Vaz, ambas investigadoras no BIOPOLIS/CIBIO-InBIO, ligado à Universidade do Porto.
Por outro lado, “os algoritmos de detecção remota foram calibrados utilizando o Lima e Cávado como áreas teste”, ou seja, neste momento é possível utilizar o Sinvaqua noutros locais, “mas o erro das análises de deteção é maior”. “No entanto, continuamos a trabalhar para ter a aplicação afinada para outras áreas”, indicam as investigadoras, que asseguram que a ferramenta vai ser actualizada à medida que tiverem os novos dados.
Em cima da mesa está também a possibilidade de estender as espécies-alvo do projecto a outras plantas, incluindo plantas invasoras terrestres, o que está dependente de mais financiamentos.
Erradicação “extremamente difícil e custosa”
Foi em 2021 que o Sinvaqua começou a ser desenvolvido, no âmbito de um financiamento atribuído pelo Ministério do Ambiente através do Fundo Ambiental, para apoiar a “prevenção e controlo de espécies exóticas invasoras aquáticas a ripícolas”.
“A erradicação das espécies exóticas invasoras aquáticas em Portugal é extremamente difícil e custosa e, portanto, desenvolver sistemas e ferramentas inovadoras que apoiem a prevenção e a detecção precoce destas espécies constitui uma prioridade de gestão socio-ecológica”, nota Joana Vicente.
O público-alvo de uma plataforma como esta é vasto, considera a equipa. Além de poder ser utilizada por cientistas que trabalham no acompanhamento de plantas invasoras e na avaliação das áreas afectadas, há muitas outras entidades para quem a plataforma é útil.
Desde “entidades governamentais de planeamento e gestão de recursos hídricos e conservação da natureza”, como o Instituto de Conservação da Natureza e das Florestas e a Agência Portuguesa de Ambiente, até aos “municípios” e “entidades empresariais cujas atividades dependam dos recursos hídricos”, como o turismo, e ainda “as organizações não governamentais de ambiente”, indicam Joana Vicente e Sofia Vaz.
Saiba mais.
Pode acompanhar as novidades do projecto Sinvaqua através do Facebook e do Twitter. A equipa lançou também um guia de boas práticas para a gestão de plantas exóticas invasoras aquáticas, que pode ser descarregado aqui.