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Plantar árvores e restaurar rios pode reduzir picos de inundações

15.03.2016

Plantar árvores nas margens dos rios pode reduzir até 20% o impacto das inundações em cidades, revela um novo estudo de duas universidades inglesas.

 

A plantação de árvores em locais estratégicos nos leitos de cheia pode reduzir as inundações mais a jusante em 20%, segundo um estudo publicado recentemente na revista Earth Surface Processes and Landforms por investigadores das universidades de Birmingham e de Southampton.

Os cientistas, financiados pela Agência do Ambiente britânica, estudaram a bacia hidrográfica de um rio numa área de 100 quilómetros quadrados, em New Forest, a montante da cidade de Brockenhurst (Hampshire, Sul de Inglaterra). Queriam compreender como é que a plantação de árvores e o restauro de rios poderiam afectar o pico de inundações numa localidade urbana a jusante.

Usando um modelo digital da paisagem da zona e uma simulação do modelo hidrológico, os investigadores concluíram que plantar árvores em leito de cheia e aumentar o número de troncos nos rios – para ajudar a bloquear a passagem da água – em 10% da extensão do rio pode reduzir o pico de uma potencial inundação na cidade em 6%, quando as árvores tiverem 25 anos. A estratégia é criar mini-inundações ao longo do curso de água, mais a montante.

Além disso, concluíram que a plantação de árvores e o restauro de uma área maior do rio, com entre 20 a 25%, pode reduzir o pico de cheia até 20%. “À medida que as árvores vão crescendo e as florestas se tornam mais maduras e complexas, o seu efeito também será maior”, explicam, em comunicado.

“Acreditamos que a plantação de árvores pode dar um grande contributo para reduzir o risco de cheias e deve fazer parte de uma abordagem de gestão de cheias mais abrangente, incluindo as convencionais defesas e barreiras”, comentou Simon Dixon, investigador da Universidade de Birmingham e o principal autor do estudo. Os investigadores defendem que, perante um cenário de alterações climáticas e de eventos climatéricos mais intensos, muitos locais não poderão ser protegidos simplesmente com barreiras de cimento.

“A plantação de árvores representa um elemento extra que ajuda a abrandar o fluxo da água das chuvas em localidades mais vulneráveis.”

David Sear, da Universidade de Southampton, lembrou que “os processos naturais, quando geridos cuidadosamente, podem reduzir o risco de cheias e trazer outros benefícios para a sociedade, incluindo o aspecto recreativo e a promoção da biodiversidade”.

Ainda assim, Ben Lukey, da Agência do Ambiente, disse à BBC News que não há financiamento suficiente para aplicar as ideias do estudo a uma escala considerável. “Conseguir mudanças a uma escala que possa ajudar uma grande cidade, como Leeds ou Manchester, é uma ambição que vai demorar algum tempo.”

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.

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