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Macho de tartaranhão-caçador (Circus pygargus). Foto: Cks3976/Wiki Comuns

Picanço-real, codorniz e tartaranhão-caçador, candidatas a Ave do Ano 2020

10.01.2020

Estas três espécies, que dependem dos meios agrícolas, são as candidatas a Ave do Ano 2020, uma campanha de comunicação e conservação que este ano junta a portuguesa Spea à espanhola SEO/Birdlife.

 

 

Picanço-real (Lanius excubitor), codorniz (Coturnix coturnix) e o tartaranhão-caçador (Circus pygargus) são as três espécies candidatas e estão a votação, por parte dos cidadãos, até às 12h00 de 22 de Janeiro. Pode votar aqui.

Esta é uma campanha que pretende “chamar a atenção para a situação em que se encontram as espécies da avifauna ibérica e seus habitats”, explica a Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves (Spea).

Em Portugal realiza-se há 12 anos e em Espanha há 30. Pela primeira vez, a Ave do Ano será eleita em conjunto com a Sociedade Espanhola de Ornitologia (SEO/Birdlife).

A Ave do Ano de 2019 escolhida pelos portugueses foi o pisco-de-peito-ruivo, tendo ficado à frente da outra candidata, a toutinegra-de-barrete. Ambas estas espécies são das principais vítimas da captura ilegal de aves, salientou a Spea.

Este ano, as candidatas são outras.

O picanço-real é o maior dos picanços que vivem na Península Ibérica.

 

Picanço-real. Foto: Smudge 9000/WikiCommons

 

Ocorre em ambientes abertos e pode ser encontrado pousado em cabos, postes e em zonas altas de arbustos, procurando insectos, pequenos mamíferos e répteis, explicam os organizadores da campanha. Tem por hábito armazenar as suas presas, espetando-as em picos de arbustos ou em vedações com arame farpado.

Esta espécie tem registado declínios nas suas populações na Península Ibérica. “A intensificação agrícola, o abandono do pastoreio extensivo e o uso excessivo de pesticidas” são as suas principais ameaças. Por isso, esta espécie é um “óbvio representante dos problemas que os meios agrícolas enfrentam e um bom indicador da saúde desses ecossistemas”.

A outra candidata a Ave do Ano 2020 é a codorniz, rainha da camuflagem na natureza, com as suas cores discretas.

 

Codorniz. Foto: SEO/Birdlife

 

Vive em todo o tipo de cultivos, pastagens e prados mas prefere os campos de cereais. Alimenta-se de sementes silvestres, grãos de cereais e de pequenos invertebrados.

As suas principais ameaças são a intensificação agrícola, a forte pressão cinegética – estima-se que sejam caçadas todos os anos mais de um milhão de codornizes em Espanha e 26.000 em Portugal – e a contaminação genética por causa da codorniz-japonesa ou híbridos com fins cinegéticos.

O outro candidato é o tartaranhão-caçador, uma das rapinas mais ligadas às actividades humanas, uma vez que depende das grandes extensões de cultivo de trigo e cevada onde nidifica.

 

Macho de tartaranhão-caçador (Circus pygargus). Foto: Cks3976/WikiCommons

 

Ajuda os agricultores eliminando grandes quantidades de roedores, gafanhotos e aves granívoras.

A intensificação da agricultura é uma das suas principais ameaças, em especial a destruição dos ninhos e crias pelas ceifeiras. Além disso, os insecticidas reduzem o número de presas. Hoje, as suas populações registam “um declínio importante” e em Portugal e Espanha está classificada como espécie Vulnerável.

“As aves estão a alertar-nos para o estado de saúde do nosso espaço rural e estão a dar sinais evidentes de que não podemos continuar a manter o modelo actual”, comentou Asunción Ruiz, directora da SEO/Birdlife, citada pela agência Europa Press.

 

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Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.

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